Sociedade

Região de Leiria está a produzir mais lixo, mas também a reciclar mais

25 abr 2020 13:00

Produção de resíduos em tempos de quarentena.

regiao-de-leiria-esta-a-produzir-mais-lixo-mas-tambem-a-reciclar-mais
Maria Anabela Silva

No último mês, parte do qual vivido em confinamento social, o lixo doméstico produzido nos concelhos abrangidos pelo sistema da Valorlis (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourém, Pombal e Porto de Mós) subiu quase 6%, em comparação com Março do ano passado, enquanto a quantidade de resíduos depositada nos ecopontos aumentou mais de 18%.

De acordo com dados da Valorlis, no último mês, deram entrada no sistema (aterro sanitário e central de valorização orgânica) 9.756 toneladas de lixo indiferenciado (depositado nos contentores). Comparando com Fevereiro, foram recolhidas mais 807 toneladas, o que representa um aumento de 9%. Essa subida é menor, se atendermos aos dados de Março de 2019, que registou 9.239 toneladas.

O aumento do consumo doméstico, por força da situação de recolhimento que se vive actualmente, reflecte- se também numa produção maior de resíduos recicláveis, que, no caso da Valorlis, se tem traduzido em mais material depositado nos ecopontos. Os dados revelam que, no último mês, a recolha selectiva de cartão, papel, vidro e embalagens feita nos seis concelho totalizou 1.160 toneladas, o que representa um crescimento de 18,4% (mais 181 toneladas) em relação ao período homólogo.

O número

1.160

toneladas de cartão, papel, vidro e embalagens recolhida em Março último pelo sistema da Valorlis, o que representa um aumento de 18,4% face ao período homólogo

“A população, estando em casa, continua a pôr em prática a separação de resíduos, privilegiando a utilização dos ecopontos”, refere a administração da Valorlis ao JORNAL DE LEIRIA, frisando que a subida registada em Março acompanha “o aumento já verificado nos meses anteriores, comparativamente ao ano de 2019”.

De acordo com os dados facultados pela empresa, já em Janeiro deste ano se tinha registado um crescimento de 17,4% na quantidade de resíduos recolhida nos ecopontos, comparando com o mesmo mês de 2019. Em Fevereiro, o crescimento foi de 16,5%, enquanto em Março se registou a maior subida (18,4%).

Mais limpezas, mais monos

O dever de permanecer em casa por causa da Covid-19 tem levado também a população a avançar com as limpezas anuais e a deitar fora electrodomésticos, mobiliário, colchões velhos ou outro material. O problema é que, como em muitos municípios está suspensa a recolha dos designados monos, por não ser considerada um serviço prioritário, tem-se registado uma acumulação destes objectos junto aos contentores domésticos ou dos ecopontos, mas também em áreas de floresta, o que já motivou chamadas de atenção por parte de vários autarcas.

Também o serviço de recepção destes materiais, através da entrega directa por parte das pessoas, suspenso, a Valorlis faz um apelo à população: “mesmo que faça arrumações em casa, deve guardar estes materiais até o serviço estar disponível”. Os apelos à melhoria dos comportamentos individuais feitos pela empresa estendem-se também ao uso dos ecopontos. “Nunca deve deixar sacos no chão”, pede a Valorlis, sugerindo que, se o contentor estiver cheio, se utilize quando estiver disponível ou que se recorra a outro que esteja próximo.

Covid-19
Máscaras, luvas e lenços não são recicláveis
 
As máscaras, luvas e lenços não são recicláveis, pelo que, devem ser “sempre” colocados no lixo comum. O alerta é da Valorlis, empresa de tratamento e valorização de resíduos, que chama a atenção para os riscos da deposição destes resíduos nos contentores da reciclagem “Estes materiais estão a aparecer, em grandes quantidades, nos ecopontos, indo parar às linhas de triagem. Para além de não serem recicláveis, podem estar contaminados, pondo em causa a saúde e a segurança dos colaboradores”, adverte a empresa, que sublinha as regras “essenciais” a ter com o lixo doméstico, que devem merecer atenção especial em fase de pandemia. Uma das regras passa por colocar as máscaras, luvas e lenços juntamente com o lixo comum. É também aí que deve ser depositado o lixo eventualmente contaminado, regra que se aplica a “todas as pessoas infectadas com Covid-19 ou que se encontrem em quarentena pela mesma suspeita”. Nestes casos, o lixo deve ser colocado em dois sacos, um dentro do outro.