Sociedade
Ser jornalista é uma marca que não sai de nós
Antiga repórter trabalha actualmente na área da educação
Ao fim de 15 anos de jornalismo, Séfora Silva agarrou a oportunidade de fazer algo diferente, na área da educação. Salienta que tem sido um enorme prazer saber que contribui com o seu trabalho para que alguém possa fazer a sua formação. Mas também realça que ser jornalista traz uma maneira diferente de questionar o mundo, que permanece para sempre e deixa uma marca em quem um dia foi repórter.
Séfora Silva tem 39 anos e é natural de Leiria, onde tem vivido a maior parte da sua vida. “Fiz o meu percurso escolar até ao ensino superior sempre em Leiria. Fui sempre boa aluna e durante uns tempos achei que iria prosseguir estudos na área da saúde, embora as ditas humanidades tenham sido desde sempre mais naturais para mim. Apesar disso, o ensino secundário foi feito no então agrupamento 1, de científico-natural”, recorda Séfora, para quem “o jornalismo surgiu quase por acidente”, quando descobriu que poderia candidatar-se ao curso de Jornalismo na Universidade de Coimbra, mesmo não estando em “letras”.
“Foi uma escolha que tinha por base a ideia de que se pode mudar, nem que seja só um pouco, o mundo, através do jornalismo”, justifica Séfora Silva.
“Comecei a trabalhar ainda antes de ter concluído o curso. Antes disso tinha feito umas 'coisinhas' na Rádio Universidade de Coimbra, a confirmar esse amor pela notícia, qualquer que seja a sua forma. Tinha a ideia de estagiar numa redacção e foi no Notícias de Leiria que encontrei esse espaço. Para uma miúda que ainda não estava formada, foi uma sorte. Encontrei gente fantástica, muitosdeles meus amigos passados 20 anos, que me trataram sempre não como estagiária mas como parte da equipa. Eu era jornalista. E isso é enorme”, relata a ex-repórter.
Depois do Notícias de Leiria, Séfora esteve ainda na Tribuna da Marinha Grande e mais tarde na Revista INVEST, em simultâneo com colaboração com o Diário de Notícias e com a Press Association. “A INVEST foi o órgão de comunicação em que estive mais tempo e certamente onde aprendi muitíssimo”, expõe a ex-jornalista.
“Dos tempos de repórter guardo a 'adrenalina' de escrever rápido, de encontrar estórias que mudam a vida das pessoas, de denunciar, de ter uma equipa ao nosso lado que nos apoia, mas também de ser sérios na abordagem que fazemos. E de ter que desenvolver uma certa capacidade para ouvir todas as pessoas e dar-lhes espaço. Mesmo aquelas que não gostamos ou com as quais não concordamos”, recorda Séfora.
E como chegou a oportunidade de saltar do jornalismo para a educação? “A mudança de vida surgiu num contexto em que apareceu uma oportunidade de fazer algo diferente, na área da educação. E foi muito interessante poder mudar, quando já tinha cerca de 15 anos de profissão e procurava algo desafiante. Tinha começado o meu mestrado em Estudos sobre a Europa e tinha escolhido a Universidade Aberta por me permitir fazer o mestrado em e-learning, porque continuava a trabalhar como jornalista. Sem imaginar que viria a ser, depois de estudante, funcionária”, explica Séfora.
Única instituição portuguesa de e-learning, e pública, a Universidade Aberta está em Porto de Mós há cinco anos, em parceria com a autarquia. “Os meus dias nunca são iguais. Sou coordenadora do Centro Local de Aprendizagem (CLA) da Universidade Aberta em Porto de Mós.
O que significa que sou responsável por coordenar as épocas de avaliação presencial das nossas licenciaturas e também prestar auxílio e esclarecimentos aos nossos estudantes e a quem queira saber mais sobre o funcionamento da Universidade Aberta”, conta Séfora Silva.
“Em paralelo desenvolvo e participo em projectos com parceiros locais e regionais. Há cerca de quatro anos estou também envolvida no projecto de levar o ensino superior aos estabelecimentos prisionais e sou responsável por uma área de divulgação científica e académica entre os projectos de investigação associados à rede CLA”, conta a coordenadora.