Desporto

Treinador leiriense descreve "cenário quase apocalíptico" no final do jogo de futebol na Indonésia

2 out 2022 15:32

João Paulo Moreira, preparador físico do Arema, recorda o "desespero" durante os confrontos que vitimaram pelo menos 174 pessoas

Invasão de campo e confrontos com a polícia levaram ao pânico e à morte de pelo menos 174 pessoas
Invasão de campo e confrontos com a polícia levaram ao pânico e à morte de pelo menos 174 pessoas
DR
Leiriense festejou recentemente a conquista da Taça do Presidente com o Arema FC
Leiriense festejou recentemente a conquista da Taça do Presidente com o Arema FC
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Patrícia Carreira Gonçalves

"Os adeptos começaram a invadir o campo e só tive tempo de correr sem parar até ao balneário, onde fiquei bastante tempo e passou-se tudo o que está a passar nas imagens, foi um cenário quase apocalíptico", conta João Paulo Moreira, de 36 anos, preparador físico leiriense do Arema FC, depois do jogo de futebol que terminou com pelo menos 174 mortos. Há centenas de feridos, muitos em estado grave. 

A tragédia aconteceu ontem à noite, em Java Oriental, na Indonésia, após a equipa da casa perder um dérbie frente aos rivais Persebaya Surabaya (3-2).

"Era uma confusão tremenda, gritos, polícia por todo o lado", conta João Paulo Moreira ao JORNAL DE LEIRIA, cansado, depois de uma noite em branco e de recordar junto de vários órgãos de comunicação social as "várias horas fechado no balneário com a equipa técnica, jogadores e todo o staff".

"Era tanta gente, começaram a sentir-se em pânico, com falta de ar, em desespero e, ao percebermos isso, abrimos as portas do balneário para entrarem e ficarem minimamente em segurança, mas algumas pesoas já entraram muito debilitadas e não pudemos fazer nada, não conseguiram aguentar e acabaram por falecer", acrescenta, sobre uma noite "terrível".

Na equipa técnica do Arema há cerca de cinco meses, onde jogam os portugueses Abel Camará e Sérgio Silva, o técnico assume que resta "aguardar para perceber o que vai acontecer nos próximos dias". 

O campeonato indonésio foi suspenso e as autoridades iniciaram um inquérito aos incidentes.

Em Portugal, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decretou a realização de um minuto de silêncio nos seus jogos em memória das vítimas desta tragédia. 

No comunicado publicado no website, o presidente da FPF afirma que teve conhecimento "dos acontecimentos de proporções trágicas" com "enorme estupefação e um sentimento de profunda dor, mas também de revolta".

"É com grande tristeza que lamento as consequências dramáticas desta tragédia de que resultaram a morte de mais de 170 adeptos, entre eles muitas crianças. Um estádio de futebol deve ser palco de festa e alegria e nunca de violência e morte", acrescentou Fernardo Gomes.

Esta é uma das piores tragédias num estádio de futebol. Em 1964, 318 pessoas morreram em confrontos entre os adeptos do Peru e da Argentina no Estádio Nacional de Lima.