Sociedade

Trutas criadas no posto aquícola de Campelo libertadas na Rigeira de Alge, em Figueiró dos Vinhos

31 out 2024 11:51

Tratam-se das primeiras trutas assilvistradas, ou seja, criadas de "forma sustentável" e em condições semelhantes ao seu habitat natural, no âmbito de um projecto-piloto desenvolvido pelo Município de Figueiró dos Vinhos, com apoio técnico e científico da Universidade de Évora

Ribeira de Alge é nova casa para cerca de uma centena de trutas criadas no posto aquícola de Campelo
Ribeira de Alge é nova casa para cerca de uma centena de trutas criadas no posto aquícola de Campelo
A forma como foram criados em viveiro dá a estes exemplares maior probabilidade de sobreviver
A forma como foram criados em viveiro dá a estes exemplares maior probabilidade de sobreviver
Projecto tem o apoio técnico e científico da Universidade de Évora
Projecto tem o apoio técnico e científico da Universidade de Évora

Já navegam nas águas da Ribeira de Alge as primeiras trutas assilvestradas criadas no posto aquícola de Campelo, em Figueiró dos Vinhos. Os exemplares, que se desenvolveram em viveiros adaptados simulando o habitat e comportamento naturais da espécie, foram libertados, na semana passada, depois de dois anos de ensaios.

Esta acção resulta do CRER – Adaptação do posto aquícola de Campelo para criação experimental de trutas assilvestradas, um projecto-piloto desenvolvido pelo Município de Figueiró dos Vinhos, com o apoio técnico e científico do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e da Universidade de Évora.

Uma nota de imprensa da autarquia frisa que se trata de um projecto "pioneiro à escala nacional e internacional", direccionado para a criação experimental em viveiro de trutas assilvestradas, criadas de "forma sustentável".

O projecto contempla, por exemplo, a introdução de refúgios artificiais, que as trutas sejam alimentadas com alimento vivo e com o mínimo de contacto humano, de forma a "simular o habitat e comportamento naturais da espécie".

As trutas agora libertadas foram "marcadas com um chip de modo a serem monitorizadas ao longo da sua vida, cuja probabilidade de sobrevivência se prevê ser maior, pelo facto de serem criadas em condições mais próximas daquelas que vão encontrar na natureza", pode ler-se naquela nota de imprensa

Citado no comunicado, Carlos Alexandre, investigador do MARE e da Universidade de Évora, conta que, “durante a produção destas trutas", houve "alguma mortalidade", porque se estava ainda a "optimizar o funcionamento dos equipamentos, pelo que, o número de trutas libertadas não chegou às 100. Mas, frisa, "estes animais têm uma probabilidade maior de sobreviver devido ao modo diferenciado como foram produzidos”.

O investigador assegura que “a maior parte dos problemas que levaram a esta mortalidade elevada já foi resolvida", esperando-se que, no próximo Outono, seja libertado um número de trutas "significativamente mais elevado”.

"Estamos a produzir trutas com comportamentos mais próximos dos indivíduos selvagens. Esta abordagem terá efeitos positivos na recuperação dos efectivos destas populações, mas também na promoção da pesca recreativa dirigida a esta espécie, sobretudo numa perspectiva de pesca sem morte", acrescenta Carlos Alexandre.

Iniciado em 2020, o CRER – Adaptação do Posto Aquícola de Campelo, o projecto está centrado na criação de trutas assilvestradas, mas pretende também transformar o posto num ponto de turismo no concelho.