Sociedade
Vigília em Leiria sensibiliza para a convivência "harmoniosa" entre automóvel e bicicleta
Leiria foi uma das seis cidades do País que aderiu à iniciativa "Podia ser eu, podias ser tu". A vigília realizou-se esta manhã e pretendeu também homenagear todas as vítimas da sinistralidade rodoviária.
Perto de duas dezenas de ciclistas participaram esta manhã, em Leiria, numa vigília que pretendeu sensibilizar para a "convivência harmoniosa" entre o automóvel e meios suaves de mobilidade nas cidades.
Sob mote "Podia ser eu, podias ser tu", a iniciativa realizou-se em mais cinco cidades do País - Lisboa, Braga, Faro, Torres Vedras e Porto - e foi convocada pela MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, na sequência do acidente que ocorreu no dia 26 de Junho em Lisboa e que vitimou uma ciclista de 37 anos.
Utilizador habitual da bicicleta nas deslocações que faz em Leiria, Hugo Gaspar foi um dos participantes na vigília. A acompanhá-lo estava os filhos - João, Francisco e Afonso, de quatro, dez e 12 anos, respectivamente - e a esposa Joana, todos eles fãs da bicicleta.
Hugo Gaspar reconhece que Leiria "não é ainda uma cidade amiga" da bicicleta e de outros modos suaves de mobilidade e que há trabalho a fazer para compatibilizar, de forma "mais harmoniosa", os vários meios de locomoção, sobretudo ao nível da "consciencialização".
"Não pretendemos alterações legislativas, mas sensibilizar para a falta de preparação das cidades para o uso da bicicleta como transporte diário e para os problemas que isso traz a todos, ciclistas, automobilistas e até peões", defende Hugo Gaspar.
Entre os problemas, Ricardo Monteiro, também utilizador regular da bicicleta, aponta a "falta de ligação" entre as ciclovias já existentes na cidade. "São uma manta de retalhos. Não há interligação entre elas", alega.
Ricardo Monteiro chama ainda a atenção para a necessidade de "consciencializar uns e outros" - automobilistas e ciclistas - para o uso "harmonioso" dos dois meios de transporte. "Há dificuldades no dia-a-dia, que podem ser ultrapassadas com mais civismo", defende.
Hugo Gaspar não podia estar mais de acordo e dá o exemplo do que lhe acontece quando leva consigo o filho mais novo, de quatro anos: "Ao verem a cadeirinha na bicicleta, os automobilistas redobram o cuidado e têm mais atenção", refere, contando que já apanhou alguns sustos. Numa dessas ocasiões estava acompanhado com o filho Francisco e aconteceu quando um automobilista estava a fazer marcha-atrás e não se apercebeu da presença dos ciclistas. "Foi um susto", atesta a criança.
Em Leiria, os participantes na vigília concentraram-se no Largo do Papa, fazendo depois um percurso pela baixa da cidade, com passagens pela avenida Heróis de Angola, rua Mouzinho de Albuquerque e largo 5 de Outubro, terminando na fonte luminosa, onde foi respeitado um minuto de silêncio em memória de todas as vítimas de sinistros rodoviários.
Nas bicicletas, os ciclistas levavam placas com 1,5 metros de largura, a lembrar a distância que deve ser guardada entre automóveis e bicicletas.
Dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, citados pelo jornal Público, em 2019 morreram em Portugal 26 pessoas enquanto se deslocavam de bicicleta e 1.563 velocípedes estiveram envolvidos em colisões, sendo Lisboa o distrito com mais sinistros.