Opinião
Economic Outlook para 2023
É fundamental implementar reformas estruturais para travar o declínio no crescimento a longo prazo
Saíram no mês de Novembro as perspectivas económicas para 2023 de várias fontes. Vou adoptar o Economic Outlook da OCDE para a elaboração deste texto. Segundo aquela organização, a economia global vai continuar a confrontar-se com a previsão de desafios em termos de inflação e de baixo crescimento.
Apesar de o crescimento ter sido mais robusto do que o esperado em 2023 até ao momento, constata-se agora alguma moderação em resultado de aperto no crédito, de crescimento fraco do comércio e dos negócios em geral e da confiança dos consumidores, aos quais se somam riscos não despiciendos de agravamento das tensões geopolíticas, para além da possibilidade de agravamento da política monetária.
Neste quadro de previsões, a OCDE projecta um crescimento global de 2,9% em 2023, baixando para 2,7% em 2024 e retomando o crescimento para 3,0%, se as economias asiáticas ajudarem. Caso não existam choques importantes na energia e nos produtos alimentares, a OCDE assume que a inflação seja de 5,2% em 2024 e caia para 3,8 em 2025, face a 7,0 % em 2023.
Quanto à dívida pública, a OCDE prevê que ela se mantenha a níveis insustentáveis, face às pressões fiscais de várias fontes, nomeadamente do envelhecimento da população e das obrigações decorrentes de combate às alterações climáticas. Continuará o declínio do comércio global, com impacto negativo na produtividade e no desenvolvimento.
O volume do comércio de bens caiu 1,5% na primeira metade do ano, enquanto os serviços cresceram 6,4% impulsionados pelo turismo, nomeadamente asiático. Neste quadro macroeconómico o que se espera que os governos façam? Em primeiro lugar, a política monetária deve manter-se restritiva, limitando políticas monetárias de redução das taxas de juro até final de 2024. Em segundo lugar, a política orçamental deve preparar-se para futuras pressões sobre a despesa.
É necessário elaborar cenários orçamentais e planos fiscais, credíveis a médio prazo, de modo a assegurar a sustentabilidade das contas públicas e a sua capacidade para responder a choques inesperados futuros, enquanto se preserva a capacidade de realizar investimentos a longo prazo visando o crescimento e a cobertura das necessidades para a transição verde. Manter o comércio internacional aberto e implementar reformas estruturais que restabeleçam o crescimento económico.
É fundamental implementar reformas estruturais para travar o declínio no crescimento a longo prazo, responder às pressões da longevidade das pessoas e combater as ameaças climáticas. O reforço e criação de cadeias de valor melhorará a eficiência das economias que os mercados abertos permitem. Esperemos que, em Portugal, nesta fase eleitoral, mantenham o foco no défice orçamental e na dívida pública, sem prejuízo de apoios temporários aos mais desfavorecidos e ao tecido das PME, se viáveis.