Editorial
Fazer acontecer
Esta iniciativa teve a capacidade de mobilizar e criar compromissos, mas também de apresentar um conjunto de 37 medidas de curto prazo em pouco mais de duas semanas
Tantas vezes apontada como uma região onde o individualismo é muito presente, característica quase identitária que tem funcionado como motor da pulverização de empresas e projectos de natureza cultural, desportiva e solidária, a verdade é que Leiria também dá mostras de capacidade cooperativa quando as circunstâncias o exigem.
É o caso do Gabinete Económico e Social da Região de Leiria, criado pela junção de esforços de três instituições – Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, Nerlei e Politécnico de Leiria – e que envolve perto de uma centena de pessoas de diversas instituições, sectores de actividade e áreas de interesse.
Com o objectivo de apoiar a preparação e o acompanhamento de um “Plano de Medidas para o Novo Lançamento Económico e Social da Região de Leiria no período de retoma em contexto de Pandemia”, esta iniciativa teve a capacidade de mobilizar e criar compromissos, mas também de apresentar um conjunto de 37 medidas de curto prazo em pouco mais de duas semanas.
Não se inventou a roda, nem tampouco este conjunto de medidas será a panaceia para a crise que atravessamos, mas também é verdade que em tempos críticos como este, é crucial que as ideias e acções sejam pensadas, estruturadas e planeadas, sob pena de nada acontecer ou, eventualmente mais grave, de haver orientações contraditórias que promovam a desordem e o caos.
Neste caso, houve, pelo menos, a capacidade de em pouco tempo se apresentar um documento estruturado e pensado, com opiniões e reflexões dos mais diversos quadrantes e sensibilidades, criando uma base sob a qual os diferentes organismos responsáveis poderão decidir e trabalhar, algo que, até à data, nenhuma outra região do nosso País tem.
Nada do que foi feito terá, no entanto, qualquer importância se ficar confinado (palavra maldita) ao documento, sendo agora necessário que esta região puxe dos seus galões de empreendedora e mostre a sua capacidade de fazer acontecer.
Ou seja, ultrapassado o desafio de pôr as principais instituições da nossa região a colaborar e de mobilizar a sociedade civil, o grande objectivo, agora, será o de ver concretizada uma percentagem elevada do que foi proposto.
Será isso, certamente, que irá acontecer, pois se assim não for, apesar das boas intenções, a avaliação desta iniciativa não poderá ser positiva, sendo necessário criar um novo gabinete para perceber o que falhou.