Editorial

Ignorância fatal

19 set 2024 08:02

As limitações de segurança impostas pela Protecção Civil de pouco ou nada serviram para prevenir a ocorrência de incêndios

O drama dos incêndios abateu-se de novo sobre o nosso País. À hora de fecho desta edição, as regiões Norte e Centro eram as mais fustigadas pelas chamas, com muitos hectares de floresta ardidos, várias casas destruídas e, lamentavelmente, pelo menos sete mortes confirmadas.

O estado de alerta tinha sido decretado para todo o território nacional, face às condições metereológicas adversas, mas por teimosia ou ignorância, as limitações de segurança impostas pela Protecção Civil de pouco ou nada serviram para prevenir a ocorrência de incêndios.

Veja-se, por exemplo, o caso dos dois homens identificados pela GNR de Pombal, no passado fim-de-semana, por suspeita de terem causado incêndios no concelho.

De nada serviram as proibições da realização de queimadas de sobrantes agrícolas, ou da utilização em espaços rurais de motorroçadoras de lâminas ou discos metálicos, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal. Porque, segundo as autoridades, foi isso mesmo que eles fizeram.

Um decidiu queimar sobrantes agrícolas e perdeu o controlo das chamas, que alastraram a uma zona de eucalipto. O outro estava a operar uma roçadora, tendo causado um incêndio florestal que só não atingiu maiores proporções devido à rápida intervenção dos bombeiros.

Já aqui o abordámos várias vezes, arriscaríamos dizer demasiadas vezes, que muito há a fazer em termos de ordenamento florestal, limpeza e prevenção. Mas não se pode ignorar o que se tem evoluído no planeamento e organização do sistema de Protecção Civil.

Estas melhorias nunca serão suficientes para combater a maldade humana – este ano a Polícia Judiciária já deteve mais de 30 pessoas suspeitas do crime de incêndio. No entanto, podem (e devem) ser encaradas com seriedade por quem está efectivamente preocupado com a preservação do meio rural e da nossa floresta.