Opinião

Os desafios do processo de vacinação contra a Covid-19

17 dez 2020 16:46

O seu conteúdo corresponde às recomendações emitidas pelas organizações internacionais pertinentes esperando, agora, que tudo funcione como previsto numa operação em que o imprevisto pode ser dominante.

A vacinação contra a Covid-19 constitui o maior desafio logístico jamais experimentado no domínio da saúde pública.

De momento, a vacina disponível exige armazename nto contínuo a menos de 70.º Celsius ao longo da cadeia de distribuição até à sua inoculação no destinatário, ou seja, idealmente, em toda a população de cada país e, ao contrário da maioria das vacinas, a que está disponível de momento necessita de duas doses para ser eficaz, num intervalo de cerca de um mês.

Acresce que o seu prazo de validade é relativamente curto, pelo que a logística associada à sua distribuição tem de ser de excelência.

Naturalmente, são necessários meios humanos em quantidade e qualidade que permitam que o processo de vacinação decorra ao ritmo desejado e espaços adequados à elevada fluidez que se requer para que a maior quantidade de pessoas possa ser vacinada num curto espaço de tempo, bem como, bases de dados avançadas e procedimentos de rastreabilidade que possam gerir sem falhas a vacinação das duas doses no prazo indicado pelo fabricante da vacina, sem esquecer o acompanhamento após a vacinação para detectar eventuais reações adversas.

Nesta tarefa, tudo é novo, desde o tipo de vírus até às vacinas, passando pela complexidade da sua distribuição e pelo número de pessoas a vacinar, tendencialmente toda a população, excepto os que recusem fazê-lo.

Para que todos se mobilizem para a vacinação é fundamental uma forte comunicação e educação da população, bem como do pessoal de saúde envolvido.

Portugal já dispõe de um Plano de Vacinação (a versão que consultei é de 3/12/20) onde todas as questões críticas estão contempladas, nomeadamente a estratégia de vacinação, o plano de administração, o registo e monitorização, o plano logístico e de segurança e o plano de comunicação.

O seu conteúdo corresponde às recomendações emitidas pelas organizações internacionais pertinentes esperando, agora, que tudo funcione como previsto numa operação em que o imprevisto pode ser dominante.

O Governo optou por atribuir a vacinação ao SNS, atendendo a que o nosso país tem um dos melhores Planos Nacionais de Vacinação do mundo, sempre liderado pelo sistema público de saúde ao longo dos anos.

Parece-me uma solução sensata, pelo menos nesta primeira fase, dado que a quantidade de vacinas será limitada e muitos aspectos clínicos são, ainda (ou podem ser), uma incógnita que carece de controlo apertado.

Mas, o mais importante é a esperanç a de vermos uma luz ao fundo túnel, por mais ténue que seja, com o início da vacinaç ão contra um mal que não sabemos como erradicar e que tem gerado efeitos devastadores nas pessoas e na economia.

Chegará o momento, esperemos que em breve, em que todos nós poderemos unir-nos em torno de uma visão estratégica para um Portugal diferente, para melhor.