Opinião
Será que o distrito de Leiria também precisa de fazer greve de fome?
Será que a pandemia serve de desculpa para o silêncio?
Vem este título a propósito da recente greve de fome, junto à Assembleia da República, levada a cabo por alguns empresários da restauração e de casas de diversão, face à crise que vivem neste tempo de pandemia Covid-19.
Pretendiam, apenas, que alguém do Governo, diga-se ministro, os pudesse receber e ouvir os seus problemas, tentando encontrar algumas soluções para estes sectores tão afectados.
Bem… não foi possível esse reclamado encontro, mas lá arranjaram um substituto, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para fazer a intermediação e acalmar os ânimos.
Não sabemos se alguma coisa será resolvida, mas pelo menos, parece, terão oportunidade de expor ao ministro da tutela os seus pontos de vista.
Ora, esta introdução vem a propósito da recente entrevista do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ao jornal Região de Leiria.
Ficámos a saber que a região de Leiria pouco conta para este ministro, e digo eu Governo socialista, perante declarações tão provocatórias, demonstrando uma total falta de respeito e desconhecimento da realidade territorial do distrito.
Acena-nos com uma pequena cenoura, dizendo que vamos ficar a 30 minutos de Lisboa e a 50 minutos do Porto, mas já sobre aquilo que é verdadeiramente importante e que há tanto se reivindica, a ligação da linha do Oeste à linha do Norte, o que é que diz o sr. ministro?
“Vamos começar a trabalhar nisso… Não quero comprometer-me com prazos.”
Sobre a possibilidade de abertura da base área de Monte Real ao tráfego civil, a resposta também é bastante animadora: “É necessária uma articulação que não é fácil, mas tem que ser feita com a Defesa”.
Então, pergunto eu, mas não fazem parte do mesmo Governo? Não se encontram, pelo menos que seja, nas reuniões de Conselho de Ministros? Sobre a rodovia, então somos mesmo arrasados!
Relativamente à possibilidade da construção de nó da A1, na zona do Barracão, responde que infelizmente não é possível e que o nó da A1 com a A9 talvez um dia até 2030, não sabe quando! Quanto ao troço do IC2 e do IC8 é taxativo: “Também não. Eu preferia dizer que sim. Mas não está previsto!”
Ainda faltou perguntar, apesar de ser noutra área, qual o ponto de situação da construção da ETES, em Leiria, condição essencial para resolver o problema das suiniculturas.
Mas talvez seja melhor ficar para mais tarde, para que a resposta não seja a mesma!
Posto isto, será que a região de Leiria também não deveria de entrar em greve de fome?
Só que, por aqui, parece estar tudo bem!
Tirando o comunicado da Distrital do PSD, até hoje, ainda não se conhecem reacções a uma entrevista tão penalizadora para o nosso distrito e a merecer explicações de muita gente, deputados, autarcas, sociedade civil.
Será que a pandemia serve de desculpa para o silêncio?
Ou será que ainda pode aparecer o presidente da Câmara de Leiria, e da Comunidade Intermunicipal de Leiria, a fazer de Fernando Medina? Ou não tem nada para dizer?