Economia
13.ª Semana de Moldes aborda pilares da sustentabilidade no Centimfe
“Qual será o impacto desta transição na indústria. Como irá a indústria ajustar-se, fazendo a transição digital e ecológica para ser mais competitiva?”
A 13.ª edição da Semana de Moldes, organizada pela Cefamol - Associação Nacional da Indústria de Moldes, pelo Centimfe - Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, e pela Associação POOL-NET – Portuguese Tooling & Platics Network, acontece de 20 a 24 de Novembro, na Marinha Grande, Leiria e Oliveira de Azeméis e contempla conferências, mesas redondas, debates, networking e a discussão de temas fulcrais para a indústria de moldes e plásticos.
A Sustentabilidade e a Transformação Industrial são o ponto de partida para o Rapid Product Development (RPD), evento organizado pelo Centimfe, marcado para os dias 20 e 21, na Marinha Grande.
Os temas a abordar reflectem as principais preocupações da indústria dos moldes e plástico, nomeadamente, os três pilares da sustentabilidade: o ambiente, a economia e os aspectos sociais, que podem ir da Centralidade das Pessoas nos Processos Organizacionais e Produtivos, e do seu impacto na identidade da empresa, até à utilização de tecnologias eco-eficientes, para o reforço competitivo das empresas no mercado global.
“O RPD acontece desde 2000, de dois em dois anos, com o objectivo de fazer uma ligação entre as tendências académicas, a investigação e a indústria. Um dos temas que têm sido discutidos com a Comissão Europeia e com as empresas, é a necessidade de fazer a transição ecológica, mas tal não pode significar destruir a indústria nesse processo", explica o director-geral do Centimfe.
Rui Tocha exemplifica com a escolha dos oradores, realizada com atenção a estes aspectos: “qual será o impacto desta transição na indústria. Como irá a indústria ajustar-se, fazendo a transição digital e ecológica para ser mais competitiva?”
O RPD aprofundará aspectos técnicos, tecnológicos e científicos, com uma abordagem diferente, este ano.
O evento perderá o carácter “unidirecional” das apresentações fechadas, passando a ser empregue um modelo de discussão aberta, primeiro dentro do painel e, depois, com a possibilidade de participação do público presente.
“Queremos criar uma zona de discussão, orientação e de partilha de problemas e soluções que outros, eventualmente, já desenvolveram”, resume Nuno Fidélis, coordenador do RPD.
Haverá ainda tempo para os participantes fazerem networking, durante as pausas para café, que serão um pouco mais demoradas, de modo a beneficiar os contactos.
No dia 20, às 15 horas, o tema programado será Sustainability is The Way, cujo keynote speaker é José Pinho, da IKEA Industry Portugal.
O encontro subdivide-se em dois painéis de debate, o primeiro, sobre a transição ecológica e a transformação industrial, e o segundo que abordará os pilares económicos e sociais para a competitividade industrial, em que o keynote speaker será Manuel Laranja, docente de Gestão e Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação, no ISEG.
No final do primeiro dia, haverá um Jantar de Gala no Castelo de Leiria, que assinalará a abertura oficial da Semana de Moldes e reunirá os convidados dos painéis de debate com os participantes na conferência.
A ocasião será marcada pela presença do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.
No segundo dia, o RPD abordará a temática Pessoas e Tecnologias, o Caminho para a Inovação, também com dois painéis e mesa-redonda.
O primeiro será o Desenvolvimento de Pessoas para a Aceleração Digital da Indústria, que contará com participantes do mundo da tecnologia e da formação e gestão de recursos humanos.
A comunicação inicial caberá a Pedro Rocha de Matos, Senior Client Partner, na Korn Ferry.
A fechar, o tema será Fabrico Aditivo e as Novas Competências para a Competividade Industrial, cujo keynote speaker será António Pontes, investigador do Departamento de Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho.
Rui Tocha sublinha a importância deste evento de debate e de grandes temas, com participantes vindos de diferentes países e de áreas técnicas, fora do universo estrito dos moldes e plásticos.
O responsável chama a atenção para o facto de, por vezes, o público, apesar de estar consciente da necessidade da transição para um mundo mais limpo e sustentável, nem sempre o assumir como prioridade, fruto das contingências vigentes de curto prazo no mercado global.
Ilustra com o caso de uma empresa norte-americana que conseguiu sintetizar “plástico verde” biodegradável e etanol, a partir de microalgas.
"Produziram canecas para café com esse plástico, mas, para sua surpresa, o mercado 'não aderiu', apesar das campanhas de marketing intensivas realizadas. Quando avaliaram o processo efetuado, descobriram que, devido ao investimento na adaptação necessária dos processos e ao material, o preço do produto final não era atractivo no mercado, e havia alguma desconfiança nos potenciais clientes, sobre um produto produzido a partir de algas."
Rui Tocha adianta que, os períodos de transição tecnológica não são lineares, pois originam alterações conceptuais, psicológicas, organizacionais, processuais e de mercado, que exigem tempo de maturação e de aceitação no mercado.
O responsável destaca que a complexidade de integração das empresas em cadeias de fornecimento globais, exige ponderação, estudo e decisão estratégica, para que se possam concretizar as mudanças necessárias de forma competitiva, com a aceitação/validação no mercado, sem que este processo seja efectuado exclusivamente à custa dos fornecedores de soluções.
"Por tudo isto, o RPD será certamente um espaço de grande relevância para a reflexão alargada, sobre o caminho de desenvolvimento da nossa indústria", resume.