Sociedade

Cerca de 50% dos médicos prescrevem análises exames por pressão dos doentes

6 abr 2017 00:00

A valorização excessiva dos exames pode ter consequências perversas, levando até a tratamentos e cirurgias em excesso.

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Maria Anabela Silva

Quase metade (48%) dos médicos inquiridos por um estudo da DECO - Defesa do Consumidor admite que, todas as semanas, prescreve exames desnecessários apenas porque o doente insiste.

Os dados vão ao encontro de um outro estudo desenvolvido pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviço de Saúde de Universidade do Porto, segundo o qual os portugueses dão muito mais importância à realização de análises e outros exames de diagnóstico, como forma de prevenir doenças, do que aos conselhos dos médicos.

O problema, advertem clínicos e investigadores, é que esta valorização excessiva dos exames pode ter consequências perversas, levando até a tratamentos e cirurgias em excesso.

A ideia de que “quanto mais exames melhor está muito enraizada na população”, frisa, em declarações ao jornal Público, Luísa Sá, uma das coordenadoras do estudo desenvolvido pela Universidade do Porto.

De acordo com a investigação, recentemente publicada no British Medical Journal Open, as pessoas tendem a desvalorizar o impacto que os hábitos e os estilos de vida têm sobre a sua saúde, ao mesmo tempo que atribuem grande importância à realização de exames de diagnóstico como forma de prevenção.

O médico Rui Passadouro fala numa “lógica de quantos mais exames, melhor se previne”, seguida não só pelos utentes, mas também por “alguns médicos que, praticando uma medicina defensiva, podem recomendar a realização desses exames, sobrevalorizando a utilidade dos mesmos elevando os doentes no mesmo sentido”.

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