Sociedade

Cientista de Porto de Mós ganha bolsa para estudo na área da fertilidade

15 dez 2022 20:00

Zita Santos garante financiamento de 1,5 milhões do Conselho Europeu de Investigação.

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Formada em Biologia, Zita Santos vai agora ter o seu próprio laboratório de investigação
DR
Maria Anabela Silva

Natural de Porto de Mós, Zita Santos acaba de ver reconhecido o seu trabalho na área do estudo da fertilidade, com o Conselho Europeu de Investigação a atribuir-lhe um financiamento de 1,5 milhões de euros. Este apoio, vai permitir à cientista continuar com a sua linha de investigação, que, já em 2020, lhe tinha valido um prémio internacional (GCLRE Pitol Award), então integrada na equipa de Carlos Ribeiro, da Fundação Champalimaud.

Aos 38 anos, Zita Santos pode, assim, criar o seu próprio laboratório de investigação e dar continuidade ao trabalho que tem desenvolvido na área da fertilidade. “Ter sido premiada com esta ERC Starting Grant [nome por que é conhecida a bolsa atribuída pela União Europeia] é um enorme prestígio e será importantíssimo para me estabelecer como investigadora independente, agora no Instituto de Medicina Molecular em Lisboa”, assinala Zita Santos, até à data ligada à Fundação Champalimaud.

Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, a cientista explica que, com o financiamento, conseguirá estabelecer a sua própria equipa, financiando o recrutamento de estudantes e investigadores e “todos os custos associados a esta investigação”, que vai procurar perceber a relação entre os nutrição e a fertilidade.

“Uma das grandes questões que vou tentar responder durante os próximos anos é como é que os processos celulares que transformam os nutrientes que ingerimos pela dieta (metabolismo celular) impactam, primeiro, o funcionamento das células e, depois, se expandem para tecidos, órgãos e finalmente, o animal”, revela Zita Santos.

Para chegar a respostas, a investigadora e a sua equipa irão “estudar esses processos na linha germinal feminina, as células que originam os oócitos, essenciais para gerar um novo organismo através da fertilização”.

A esperança de ajudar a prevenir infertilidade

“Os meus estudos vão procurar perceber de que forma a dieta, e os nutrientes que obtemos na dieta, impacta o metabolismo da linha germinal e como é que este se reflecte na função da linha germinal na formação dos oócitos e, portanto, na fertilidade feminina”, acrescenta.

Frisando que o projecto que lidera é “baseado numa pergunta muito fundamental para responder a uma questão biológica” - encontrar a relação entre os nutrientes e o processo reprodutivo -, Zita Santos tem, no entanto, a esperança que, no futuro, esta investigação possa contribuir para combater e prevenir a infertilidade feminina, que “tem vindo a aumentar dramaticamente na população a nível mundial nas últimas décadas”.

A expectativa é que, “percebendo como funcionam os processos celulares e como é que estes se reflectem em funções do organismo”, isso ajude a perceber como “intervir nos casos em que estes processos estão alterados”. Formada em biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Zita Santo fez o doutoramento no Instituto Gulbenkian para a Ciência e o pós-doutoramento na Fundação Calouste Gulbenkian.