Desporto

Édi Moderno: os sonhos desfeitos do campeão mundial de biatle

23 set 2016 00:00

Sem contar com qualquer tipo de apoio, o campeão mundial de biatle foi forçado a abandonar a competição com apenas 20 anos. De “cabeça erguida”, ganha a vida como aprendiz de soldador.

edi-moderno-os-sonhos-desfeitos-do-campeao-mundial-de-biatle-5060

Fez na passada terça-feira um ano. Não foi há tanto tempo assim, mas a vida de Édi Moderno mudou radicalmente nestes 365 dias. Naquele domingo soalheiro de final de Verão em Batumi, capital da Geórgia, o atleta do Bairro dos Anjos escreveu uma mais uma página histórica do desporto nacional.

O miúdo de Ilha de Baixo, Pombal, sagrou-se campeão do Mundo de juniores em biatle. Festejou, muito, mas a ressaca teve algo de diferente do que normalmente acontece a quem é, pura e simplesmente, o melhor.

Édi não teve direito a primeiras páginas nos jornais nacionais, nem foi galardoado pelo Presidente da República. Mas o problema não está aí. Numa altura em que concluiu os estudos e precisava de entrar no mundo do trabalho, não recebeu

qualquer tipo de ajuda para poder continuar a praticar a modalidade em que era rei. E um ano depois de ter subido ao céu fomos encontrar o jovem de 20 anos a trabalhar como aprendiz de soldador numa empresa – PJM Construções Metálicas – localizada na zona industrial da Guia. O desporto? Não são mais do que (boas) recordações.

“Quando me sagrei campeão mundial de juniores estava à espera que alguém viesse ter comigo para me apoiar. Como não aconteceu, comecei a procurar patrocínios, só que recebi sempre respostas negativas”, desabafou Édi Moderno.

O desespero levou-o inclusivamente a tentar contactar Cristina Ferreira, do Você na TV. “Estavam a falar do Cristiano Ronaldo, que era o melhor do Mundo, mas tinha sofrido muito e abdicado de muitas coisas e tentei falar do meu caso, mas não obtive qualquer resposta.”

Estava decidido. Ia continuar à procura de apoios, mas se até ao final de 2015 não encontrasse uma luz ao fundo do túnel, na primeira segunda-feira do novo ano iria começar à procura de emprego.

Já sabemos o que aconteceu e o biatle, uma variante do pentatlo moderno que junta corrida e natação, passou a não ter lugar na vida do rapaz. Édi recorda os dias difíceis que teve de atravessar.

“Chorei algumas vezes na cama. Senti que não era justo, custou-me bastante e passei alguns dias mal.” Sabia, contudo, que não podia continuar a sobrecarregar o pai, padeiro, e a mãe, que trabalha numa fábrica de paletes.

“Sempre me apoiaram em tudo e disseram para não desistir, mas sentia-me mal em estar em casa e só dar despesa.”

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.