Sociedade

"Erasmus, adquirir bagagem para uma vida inteira”

17 fev 2017 00:00

Desde 1987 que o programa Erasmus já permitiu a mobilidade a nove milhões de jovens. Quem experimentou garante ter ganhado uma experiência única

O programa Erasmus, que arrancou em 1987, e levou jovens de toda a Europa a realizar períodos de estudos noutros países comemora 30 anos. No ano inicial, registaram-se 3244 mobilidades de estudantes. Até hoje já são nove milhões os jovens que beneficiaram de uma experiência internacional para estudar, viajar, estagiar, ganhar experiência profissional ou fazer voluntariado noutro país.

Chegada há poucos dias da Masaryk University – Faculty of Sports Studies, Brno, República Checa, onde esteve desde Setembro, Mariana Borges aventurou-se no Erasmus por ter a oportunidade de “conhecer outros países e culturas”.

Desde que começou a licenciatura em Desporto e Bem-Estar, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do IPL, que equacionava ter esta experiência. “O que me levou a seguir em frente com a ideia foi o apoio da minha família e os relatos de colegas que viveram esta aventura.”

“Após me habituar ao dia-a-dia nesta cidade e às baixas temperaturas as coisas correram bem. Em relação à escola, já sabia que as aulas iriam ser em inglês o que facilitou muito as coisas. Consegui melhorar a minha comunicação em inglês, pois pude praticá-lo frequentemente e, por vezes, tentei conhecer algumas frases ou palavras em outras línguas”, revela Mariana Borges, considerando que esta foi a parte “um bocado mais difícil de aprender”.

A estudante tinha consciência que o início da mobilidade não seria fácil, até porque iria para “um país diferente com uma língua completamente desconhecida”. Admite que, “muitas vezes, foi complicado comunicar com a população local”, pois quando pedia informações em inglês muitas pessoas ou não sabiam esta língua ou tinham muita dificuldade em falá-la.

“De qualquer modo, levo esta aventura como uma experiência bastante positiva na minha vida. Conheci pessoas fantásticas de vários países e fiz amizades para a vida.” Mariana Borges confessa que voltou “um bocadinho diferente”.

“Tive oportunidade de viajar e conhecer um pouco do mundo à nossa volta e acredito que me enriqueceu bastante. É verdade que o período de habituação foi difícil, mas depois foram as despedidas das pessoas que conheci que se tornaram difíceis. Contudo, acredito que muitas delas verei novamente no futuro.”

Por tudo o que viveu, a jovem de 26 anos não tem dúvidas em aconselhar “plenamente” a experiência a futuros estudantes. “É uma aventura que vai ficar para sempre na memória e uma grande oportunidade para expandir os conhecimentos em relação às outras culturas.” Já se passaram mais de dez anos, desde que Hélio Félix, ex-aluno da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do IPL, partiu para Bialystok University of Technology no programa Erasmus.

A escolha da Polónia para esta experiência esteve relacionada com o desejo que o jovem tinha em conhecer este país nórdico. Hélio Félix considera, acima de tudo, o programa uma experiência de desenvolvimento de carácter pessoal. "A distância de casa obrigou- me a ganhar um certo nível de autonomia. Tive a oportunidade de viajar de avião, vivi num clima bastante diferente e tive a possibilidade de conhecer outras culturas.”

Conviveu com jovens de várias partes do mundo, tais como, Hungria, Alemanha, Itália, Nepal, Estados Unidos ou Índia. "Foram colegas que contribuíram para o meu desenvolvimento a nível cultural e linguístico. O companheirismo e o saber viver em grupo foi também uma mais-valia tirada desta experiência", adianta. "Ganhei um maior à vontade para encarar o mundo de outra forma", refere Hélio Félix.

Regressou a Portugal em Fevereiro de 2006 e em Abril do mesmo ano surgiu a oportunidade de realizar uma formação e certificação em ePages em Londres, plataforma com a qual ainda hoje trabalha: "não recusei. As competências linguísticas e o à vontade para viajar que trouxe do Erasmus permitiram-me estar nesta certificação", explica.

"Se esta proposta profissional surgisse antes de eu ter participado no programa Erasmus, nunca teria conseguido sair sozinho de Portugal para um local desconhecido, sem entrar em pânico."

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