Sociedade

ESECS desafia alunos e professores a transformarem sala de aula em laboratório de pensamento complexo

5 jun 2022 09:30

O objectivo deste novo espaço é colocar o aluno no centro e desafiar o professor a ser o orientador

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Drones, óculos de realidade virtual, robôs de programação, quadros de escrita e até uma impressoras 3D são ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas pelos alunos para encontrar respostas a problemas lançados pelos professores durante uma aula na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria.

Desde Março, que o primeiro Laboratório de Pensamento Complexo em Portugal está a funcionar na ESECS e a procura pela requisição da sala tem sido elevada.

O objectivo deste novo espaço é colocar o aluno no centro e desafiar o professor a ser o orientador. Na sala de aula são construídas ideias a partir de problemas, potenciando a aprendizagem.

Pedro Morouço, director da ESECS, é o ‘pai’ do Laboratório de Pensamento Complexo e conta que desenvolveu este projecto já a pensar na nova escola, que será construída nos terrenos da ‘prisão-escola’ de Leiria. “Estamos a idealizar aquilo que será a funcionalidade desse novo espaço e, portanto, começámos a criar espaços que nos dêem luzes daquilo que poderá ser esse futuro”.

“Tentámos perceber a viabilidade dos nossos docentes utilizarem as novas tecnologias no seu processo ensino-aprendizagem”, ao nível dos cursos técnicos superiores profissionais, licenciaturas e mestrados.

Susana Reis, docente do Departamento de Matemática e Ciências da Natureza, considera que “este laboratório permite uma flexibilização interessante do ponto de vista das metodologias a utilizar”.

“Este espaço é utilizado por nós, tendo em conta metodologias de ensino-aprendizagem mais sócio-construtivas, ou seja, é colocar ao centro o aluno. Utilizamos as mesas de trabalho numa lógica de trabalho colaborativo com recurso às tecnologias”, explica Susana Reis”.

Também Pedro Morouço considera que se trata de “uma abordagem mais virada para aquilo que é uma desconstrução da solução através de diferentes perspectivas”.

“Chamámos Laboratório de Pensamento Complexo em homenagem ao grande filósofo Edgar Morin, que aborda muito bem esta questão da interligação entre conhecimentos para se chegar a uma solução”, conta.

Reconhecendo que “há várias maneiras de leccionar” e que “cada professor terá obviamente a sua magia” para “passar aquilo que se pretende que o aluno adquira”, Pedro Morouço afirma que se andou a “falar no ‘problem-based learning’, que era a aprendizagem baseada no problema”. Mas, hoje “já se fala no ‘design-based learning’, na aprendizagem no seu todo, enquanto elemento estrutural na aquisição do conhecimento”.

Na cadeira Didática das Ciências Naturais de um mestrado profissionalizante para futuros professores do 1.º ciclo, as alunas sentaram-se em círculo, num puff, e trocaram ideias sobre como construir uma visita virtual. Depois de se definirem as etapas do trabalho a desenvolver, as alunas sentaram-se em frente aos computadores, com apoio de tablets, para construírem a sua visita.

Sem as mesas e as cadeiras de uma sala tradicional, Susana Reis destaca o trabalho em equipa que o espaço impulsiona. “Além disso, do ponto de vista da criatividade e da liberdade, dá estas duas dimensões ao aluno que lhe permite conhecer e seguir as suas curiosidades, em vez de ser o professor a definir apenas um único caminho”, afiança.

O professor assume mais um papel de orientador, ao criar “situações que permitem a cada estudante fazer o seu próprio caminho para resolver um determinado problema”.

Para futuros professores, o contacto com “um ambiente educativo e inovador” vai dar-lhes a “experiência” para que possam replicar nas suas escolas o “desenvolvimento de ambientes educativos inovadores”.

“Estarmos em contacto com estes materiais didácticos pedagógicos, dá-nos ferramentas para podermos mais tarde, em sala de aula, e se houver condições, implementar nas nossas salas de aula. Se nos sentimos tão envolvidas com estes recursos tão inovadores, as crianças ainda mais”, constata, Carolina fontes, estudante do mestrado de ensino do 1.º ciclo e em Matemática e Ciências do 2.º ciclo.

No final do ano lectivo será realizada uma avaliação a este projecto, havendo a possibilidade de alargar o modelo a mais salas e até com “outros formatos”.