Desporto

Foram olhados de lado, mas colocaram Leiria no mapa

21 nov 2020 09:00

Skaters do mundo inteiro viajam para fazer vídeos e fotografias em manobras num determinado largo de Leiria. É uma consequência do que a tribo urbana fez pela promoção da cidade

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A lenda Steve Carreira a skatar na mítica fonte luminosa
Ricardo Graça

“Tum tum, tum tum, tum tum.” O som dos skates a cruzar as lajes calcárias que forram o chão do terreiro da fonte luminosa é um ruído familiar para os cidadãos de Leiria. Alguns gostam de ver aquela malta a fazer manobras com a tábua que até dão alguma animação a um espaço “morto”, enquanto outros riem-se com as movimentos mal calculados e com as quedas espalhafatosas.

No entanto, também há quem não goste, alegando excesso de barulho, ocupação abusiva e destruição do mobiliário urbano. Pouco lhes importa. Por estar longe de ser consensual, ao longo dos tempos a autarquia até já criou dois skate parks para a rapaziada. O primeiro a ser construído, em São Romão, foi alvo de boicote por ter sido “mal concebido”.

Já o segundo, mais recente, que na semana passada até passou a ter iluminação que possibilita a prática nocturna, agradou à tribo. Ainda assim, e por muito que não queiram, o espaço de referência foi, é e vai continuará a ser a fonte luminosa. E não só em Portugal, garantem-nos três “lendas” do skate na cidade. “Conseguimos pôr Leiria no mapa do mundo e hoje tem uma importância gigante”, diz Steve Carreira.

Natural do Canadá, chegou, de vez, em 1999. Abriu de imediato a Tribos Urbanas, uma skate shop que continua a ser, também ela, uma marco daquela cultura. Mas já la vamos. Os skaters são vaidosos, gostam de se filmar e fotografar, e quando surgiu a mania dos viagens, Leiria tornou-se uma “paragem obrigatória”. Pela loja, sim, mas sobretudo pela fonte luminosa, reconhecida pelas imagens partilhadas pelo pessoal da terra.

“A Câmara ficaria surpreendida como Leiria é vendida no mundo do skate. Se juntarmos as fotografias e vídeos de atletas profissionais e conhecidos mundialmente conseguimos fazer um calhamaço para mostrar”

Steve Carreira

“O piso é excelente e o facto de ter aqueles bancos à volta, com várias alturas e ângulos, permite-nos ser criativos. Como é um espaço aberto, quem é de fotografia e vídeo fica encantado, ainda para mais com os enquadramentos perfeitos” que o castelo e a própria estátua de Lagoa Henriques, no centro da fonte, possibilitam.

Por Leiria já passaram, anónimos para o cidadão comum, nomes relevantes do mundo do skate. “É daqueles sítios onde qualquer pessoa de fora quer filmar. Se juntarmos as fotografias e vídeos de atletas profissionais e conhecidos mundialmente conseguimos fazer um calhamaço para mostrar. É um nicho pequeno, mas promove a cidade. A Câmara ficaria surpreendida como Leiria é vendida no mundo do skate”, atira o skater.

“De cabeça”, João Sales lembra-se da equipa da marca DC, de vários skaters europeus patrocinados pela Vans, de Pontus Alm, do mítico Jamie Thomas com mais de 600 mil seguidores no Instagram. “Esteve dez dias a comer, a dormir, a sair à noite, a dinamizar o comércio local e a publicitar a cidade”, prossegue Rúben Pinto, que também se recorda de tours da Fallen e da Zero, marcas de sapatilhas e de tábuas, respectivamente.

Skaters continuam a ter na fonte luminosa um dos lugares de eleição na cidade (Foto: Ricardo Graça)

 

E tudo isto porquê? “É uma praça urbana, com um bom chão e obstáculos lisos, numa cidade agradável, não tão movimentada assim, que oferece comida e estadia barata, boa iluminação e um espaço amplo que permite linhas de filmagem. Com o castelo e a própria fonte é impossível não tirar boas imagens. E depois, os leirienses olham de lado, mas também não interferem. Somos de cá e também sentimos isso”, explica João Sales. “Fora o acolhimento que os de Leiria fazem a quem vem de fora”, completa R

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