Sociedade

Governo deixa de fora dos apoios as vítimas de incêndio na freguesia de Abiul

20 out 2022 18:35

Em Pombal, fogo afectou cerca de 1123 hectares

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Autarquia está a apoiar agriculturores com alimentos para animais
Ricardo Graça/Arquivo
Jacinto Silva Duro

Os receios expressos por Pedro Pimpão, presidente da Câmara de Pombal, em Setembro, numa reunião de Câmara deslocalizada, em Abiul, confirmaram-se.

O Ministério da Coesão Territorial, liderado por Ana Abrunhosa, determinou que as pessoas afectadas pelo incêndio do último Verão naquela freguesia, único território de baixa densidade do concelho, não têm direito a qualquer ajuda na reconstrução de casas de primeira habitação e anexos, substituição de alfaias ou apoios para alimentar os animais.

O fogo que também afectou Ansião e Alvaiázere, concelhos que serão apoiados, destruiu, em Pombal, cerca de 1123 hectares, com um prejuízo de cerca de cinco milhões de euros, no entanto, uma deliberação do Conselho de Ministros, do dia 15 de Setembro, na prática, faz com que a população de uma mesma comunidade, de um lado da estrada, seja apoiada e, do outro lado, não o seja.

“Podemos mesmo chegar ao extremo em que pessoas que vivem porta com porta, tenham tratamentos distintos”, refere Pedro Pimpão A razão são os critérios que o Governo resolveu aplicar, que se prendem com a extensão destruída em cada município, em vez de um cálculo global.

O JORNAL DE LEIRIA pediu a Ana Abrunhosa e ao seu ministério que explicassem a aplicação dos critérios e se há a noção de que se está a descriminar pessoas na mesma situação, “do outro lado da estrada”. Até à públicação deste texto, não houve resposta.

“Isentámos as pessoas afectadas do pagamento do excesso de consumo de água, verificado durante os incêndios e estamos a apoiar os produtores, através da Junta de Freguesia com a disponibilização de palha para os animais dos agricultores”, avança o presidente da autarquia, adiantando que a Câmara de Pombal defende o uso do que resta do fundo Revita, aplicado nos fogos de 2017, em Pedrógão Grande, ou o seu reforço para apoiar quem ficou sem primeira habitação.

A autarquia apoiaria com o projecto, havendo ainda a considerar a questão dos currais, estaleiros e alfaias agrícolas.