Economia
Impressão 3D promete transformar indústria da região
A produção com recurso à impressão 3D desperta o interesse crescente das empresas da região. Multiplicam-se estudos, desenvolvem-se produtos em vários materiais e para diversos sectores e uma certeza se constrói: o futuro imprime-se a três dimensões
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Nos últimos anos o fabrico aditivo deixou de ser encarado como um processo de produção futurista, com utilização pontual em protótipos, para passar a ser estudado e considerado pelas indústrias de todos os países como um verdadeiro método produtivo.
Em Portugal, e em particular na região de Leiria, o interesse pela impressão 3D tem acompanhado a tendência mundial. Ainda se está longe de atingir uma produção massificada, mas o tecido empresarial, em articulação com a academia, já se multiplica em projectos de investigação para dissipar dúvidas, apurar fórmulas e alcançar produtos de qualidade.
Algumas empresas posicionam- se na na linha da frente e começam a lançar os primeiros artigos produzidos por fabrico aditivo. E assim, dentro de um futuro não muito longínquo, é expectável que esta tecnologia se dissemine, ora em articulação ora em substituição dos meios de produção convencionais.
Estima-se também que, não só as indústrias mas também o próprio consumidor final, com base em modelos desenhados por computador, venha a imprimir os seus produtos, cada vez mais personalizados, sem sair do conforto da sua casa.
Ouvido pelo Observador, Raoul Leering, economista do banco ING, diz que “é difícil calcular, com exactidão, o potencial da impressão 3D, mas alguns especialistas acreditam que, nas próximas duas décadas, até 50% dos produtos vão ser produzidos através desse método”.
Apesar de parecer uma visão muito ousada do fabrico aditivo, certo é que a impressão 3D já é usada em diversos sectores: maquinaria industrial, engenharia aeroespacial (pequenas peças leves e complexas), automóvel (prototipagem, sobretudo), sector da saúde (próteses de ossos e dentes) e produtos de electrónica de consumo.
Segundo os cálculos do ING, é nestes sectores que se concentra 80% do investimento em impressão 3D nos últimos anos. Embora o ING realce que a impressão dos bens (peças automóveis, comida, roupa, calçado, próteses de osso e até órgãos internos) passe a ser feita perto do local onde serão consumidos, levando à “evaporação de até 40% das trocas comerciais entre países”, há investigadores e empresários bastante optimistas com as vantagens desta tecnologia.
Uma delas é a “massificação da personalização” dos produtos, que resulta em maiores ganhos de competitividade para as empresas. Outra é a possibilidade de produzirem em novos componentes e em novas geometrias. O fabrico digital favorece ainda novos esquemas de negócio, como a co-criação, onde o cliente pode fazer um novo produto ao combinar as diversas possibilidades disponíveis em catálogo.
CDRsp no centro da revolução aditiva
Em Portugal, a revolução do fabrico aditivo também está em curso e tem passado pelo Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRsp), do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria) que, em articulação com empresas da região, tem estudado e aplicado a fabricação aditiva em vários materiais.
São cerca de 20 os projectos de fabrico aditivo nos quais está envolvido o CDRsp. Através da impressão 3D, o centro desenvolve implantes para regeneração de tecido humano, artigos feitos de materiais metálicos, de plásticos e materiais compósitos,de cerâmica, de vidro e até prevê imprimir alimentos.
Em articulação com a Matcerâmica, Geoffrey Mitchell, investigador do CDRsp, está a desenvolver um projecto de fabricação digital para a produção em massa de cerâmica. Prevêem-se “ganhos de eficiência e a expansão do seu leque de soluções e produtos e com isso a aproximação dos clientes finais”.
Geoffrey Mitchell tem também artigos escritos acerca da fabricação digital de bens alimentares. Artur Mateus, vice-director do CDRsp, explica que nos EUA já existe uma empresa que fabricou frango através deste processo. E sublinha as virtudes da produção alimentar feita à medida. “Quem está hospitalizado pode receber um alimento que tem os nutrientes e os fármacos que precisa”, exemplifica o vice-director, lembrando que o fabrico aditivo de alimentos pode atenuar muito o impacto ambiental associado à criação de gado para consumo humano.
No futuro, será fácil ao consumidor final imprimir os produtos que deseja, de forma personalizada, sem sair de casa. E se acreditarmos que o Homem procurará recursos para viver noutro planeta, que não a Terra, também podemos imaginar que os produtos não serão transportados, mas impressos no local de chegada, admite Artur Mateus.
Do já vasto conjunto de projectos de investigação que o CDRsp tem realizado nesta matéria faz parte o recém-apresentado Add.Additive, lançado dia 9 de Fevereiro na presença das 25 entidades que integram o consórcio.
Em causa está um projecto mobilizador, que pretende incentivar à investigação e ao desenvolvimento do fabrico aditivo na indústria portuguesa. Com um orçamento de cerca de 8 milhões de euros e um prazo de execução até 2020, pretende- se estudar e desenvolver a nova tecnologia em materiais metálicos, cerâmicos e cimentícios, poliméricos, desenvolver também metodologias e sistemas digitais, respondendo aos desafios económicos, sociais e ambientais.
E são muitas as actividades que beneficiarão dos conhecimentos alcançados. Desde a arquitectura e a construção, passando pela aeroespacial, defesa e segurança, bens de consumo, saúde e bio-frabricação, também electrónica e tra
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