Desporto

Luís Castro, os rebuçados de Ti Miguela e a mansão de Tomé Fèteira

18 jan 2019 00:00

O responsável por alguns dos melhores momentos de futebol do campeontao viveu em Vieira de Leiria durante grande parte da juventude. Fomos conhecer algumas histórias desses tempos.

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No Largo da República, Ti Miguela sentava-se debaixo do chapéu de sol e esperava que os miúdos chegassem das aulas. A rapaziada da Vieira ia lá comprar os rebuçados que vinham embrulhados em cromos de jogadores da bola. Era sempre uma animação quando calhava a figura de um craque a sério ou então o “número da lata” que dava direito à caderneta.

No anos setenta do século passado, aquele largo era o centro da vila para tudo. Tinha o Café Liz, tinha a igreja e a tele-escola, o quiosque e o cine-teatro. Era o local das conversas entre os cidadãos da freguesia, não muito diferente do que hoje se passa, aliás.

Mas para a miudagemtinha um carisma adicional, pois servia de campo de bola, com os bancos de jardim colocados nos extremos a funcionarem como balizas. E era lá que Luís Castro passava grande parte do seu tempo livre enquanto criança.

Joaquim Rodrigues era – e ainda é – um dos amigos mais chegados do treinador do Vitória Sport Clube. A amizade floresceu quando começaram a jogar juntos nos escalões jovens do Industrial Desportivo Vieirense, tinham “uns dez anitos”, era treinador o “senhor Graça”.

“Chamava-lhe Beckenbauer. Jogava a defesa-central e corria com a bola nos pés, sempre de cabeça levantada, com muita classe. Está a ver a serenidade que ele hoje demonstra em tudo o que faz? Aquela tranquilidade que hoje transmite, já na altura a tinha.”

A família de Luís, oriunda de Mondrões, Vila Real, chegara à terra uns tempos antes, tinha o menino cinco anos. O pai, sargento da Força Aérea, fora colocado na base aérea de Monte Real, e a mãe, professora primária, encontrou colocação na escola da Vieira.

A primeira casa onde residiram era um rés-do-chão na rua da Fonte Santa, a não mais de 50 metros do largo. Sempre foram vistos como pessoas “calmas, simpáticas e acessíveis”.

Luís Castro, o mais velho de três irmãos, com uma educação “forte” em casa, era assim. Mesmo na adolescência “não foi rapaz de noitadas e de copos”. “Beber, só laranjada e gasosa”, sublinha Joaquim Rodrigues, Quim para o treinador do Vitória e Berranha para a Vieira em peso.

“Teve os seus namoricos, como todos tivemos, e ficava no largo à espera de ver as miúdas a saírem da tele escola, mas era muito pacato.”

“Excelente aluno”, optou por estudar em Leiria a partir do 5.º ano. Apanhava o autocarro de manhã, bem cedinho, e regressava à noite.

Entretanto, aos 16 anos, com a tal classe que demonstrava dentro de campo, mudou-se do Vieirense para a União de Leiria e era um dirigente do clube que à noite o levava de volta à vila, com mais alguns jogadores da terra, entre os quais Quim, que jogava a ponta-de-lança.

Apesar de serem de turmas diferentes, o futebol unia-os. “Ele ia para minha casa, eu ia para casa dele. Brincávamos no largo da igreja, jogávamos à mosca ou ao futebol até termos de ir jantar.”

No Verão, “eram horas e horas” de praia. Percorriam a distância a pé, para um lado e para o outro, sempre na esperança que surgisse uma boleia.

Chegados ao areal instalavam-se sempre no mesmo sítio, “em frente ao que é hoje o Hotel Cristal”. Tomavam banho e, como não podia deixar de ser, jogavam futebol e também voleibol.

“Chegava a ser um grupo de uns 30 ou 40. Os rapazes iam juntos, depois chegavam as meninas. Era giro, elas levavam o lanche e nós partilhávamos”, recorda Joaquim Rodrigues

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