Sociedade
Mira de Aire quer reaver antigo campo da Fiandeira
Num momento em que a Câmara de Porto de Mós negoceia a aquisição do antigo campo da Fiandeira, recuperamos estórias de um espaço que faz parte da história recente de Mira de Aire.
Foi um espaço emblemático em Mira de Aire. Aí se viveram grandes jornadas de futebol, mas também momentos de convívio entre a população. O antigo campo da Fiandeira está ainda associado a um passado de pujança da vila, marcado pelo desenvolvido trazido pela indústria têxtil.
Do antigo pelado, restam as balizas enferrujadas e as ruínas dos balneários e das bancadas. Do sector têxtil, sobreviveram pouco mais de meia dúzia de unidades, entre as quais a Fiandeira Mirense, a fábrica que esteve na origem do campo de futebol que, entretanto, passou para a posse do Estado.
Uma decisão que a Câmara de Porto de Mós quer reverter, com a aquisição do imóvel. O objectivo é “devolvê-lo” a Mira de Aire e colocá-lo de novo ao serviço da população.
A história do campo da Fiandeira é indissociável da história dos têxteis na vila. Carlos Alberto Jorge, que chegou a ser guarda-redes da União Recreativa Mirense (URM), conta que o campo começou a ser construído em 1944, num momento de diminuição de trabalho na fábrica, devido aos impactos da II Guerra Mundial.
“Estava proibida a manufacturação de lã para fins industriais. A matéria-prima era canalizada para o esforço de guerra. Os homens da fábrica, que eram a maioria dos trabalhadores, foram aproveitados para as obras de desaterro, preparação do terreno e construção do campo”, recorda.
Além da mão-de-obra, a empresa cedeu grande parte dos terrenos - “outros proprietários confiantes deram também algumas áreas” – e suportou os custos com as obras. O campo da Fiandeira passaria a ser a 'casa' da URM, que até então tinha jogado na Mata e no Poço Espinheiro, em terrenos localizados na zona do polje de Minde que, durante o Inverno, não podiam ser utilizados devido à água acumulada naquele vale.
Em 1958, o campo viveria um dos momentos altos da sua história, com um jogo entre Sporting e Benfica, por ocasião das comemorações dos 25 anos da elevação de Mira de Aire a vila.
Seguir-se-iam “grandes jogos”, quase sempre com o campo “apinhado de gente”, recorda Artur Vieira, actual presidente da Junta, que, tal como muitos miúdos da vila, aprendeu a jogar andebol no pelado da Fiandeira.
“Não havia pavilhão. Improvisava-se para o andebol, basquetebol e voleibol”, acrescenta Carlos Alberto Jorge, que lembra ainda as dificuldades criadas pelos adeptos mirenses às equipas adversárias e de arbitragem.
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