Economia

Os pastores voltaram à escola e a culpa é do queijo Rabaçal

12 dez 2019 21:19

Iniciativa quer valorizar profissionais e fileira do queijo

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Aposta em produtos endógenos
João Forte/Arquivo
Daniela Franco Sousa

Os pastores estão a voltar aos bancos da escola. E com eles estão outros profissionais, como médicos e professores, que querem mudar de vida e assumir novos desafios no campo.

A responsabilidade também é da Aprorabaçal, a Associação de Produ- tores Rabaçal, uma das várias entidades que estão a dinamizar o Programa de Valorização do Queijo da Região Centro, cujo objectivo é promover a fileira dos queijos deste território, não só do Rabaçal, mas também da Beira Baixa e da Serra da Estrela.


Diana Ventura, engenheira e técnica da Aprorabaçal, explica que as escolas de pastores são uma das iniciativas deste programa, que pretende captar o interesse das pessoas para o pastoreio, já que o envelhecimento dos pastores e a falta de motivação dos jovens para manter a actividade é um dos constrangimentos à produção destes queijos com Denominação de Origem Protegida (DOP).

No que ao Rabaçal diz respeito, Diana Ventura inúmera vários problemas. Por um lado, há poucos pastores. Por outro, para produzir leite destinado ao fabrico de queijo Rabaçal DOP, é necessário obedecer a critérios e análises frequentes, um processo ao qual nem todos os produtores de leite se querem submeter.

6 concelhos

O território de produção do queijo do Rabaçal abrange seis concelhos, três dos quais do distrito de Leiria: Alvaiázere (todas as freguesias, excepto, Pussos), Ansião (todas as freguesias) e Pombal (freguesias de Abiúl, Pelariga, Pombal, Redinha e Vila Cã). Condeixa-a-Nova, Penela e Soure são outros dos municípios abrangidos

Acresce que cerca de 80% da alimentação dos animais tem de ser hoje garantida através de ração, porque existe menos pasto. Isso encarece e desmotiva alguns produtores, expõe a técnica da Aprorabaçal.

Assim, para formar novos pastores, valorizar a sua actividade, valorizar o seu leite, e para que as queijarias reconheçam e paguem pela qualidade deste leite, o programa está a criar escolas de pastores.

A primeira surgiu na Escola Superior Agrária de Castelo Branco e outra será inaugurada no início do ano na Escola Superior Agrária de Coimbra.

Entre Março e Abril será criada também uma escola de queijeiros, em local a decidir. Para já, realça Diana Ventura, o projecto está a correr bem e a chamar a atenção de pastores no activo, mas também de professores e médicos, que “com um sonho romântico do campo”, querem mudar de vida.

Embora a vida de campo seja difícil e alguns dos candidatos acabem por desistir, admite a técnica. No final do curso, cada pastor candidata-se a um incentivo de 5 mil euros para avançar com o seu projecto.


O programa contempla ainda o Vale Pastor+, no valor de 2500 euros, a atribuir a produtores de leite que forneçam ou passem a fornecer queijarias com produção de queijo DOP.

Território abrangido

O Programa de Valorização da Fileira dos Queijos da Região Centro inclui um investimento de 2,7 milhões de euros e é liderado pela InovCluster.

Abrange a produção de queijos DOP da Serra da Estrela, da Beira Baixa e do Rabaçal, sendo que, no caso deste último, a área geográfica de produção também se estende ao distrito de Leiria.

A Associação de Desenvolvimento Terras de Sicó frisa que o território de produção de queijo Rabaçal integra os concelhos de Alvaiázere (todas as freguesias, excepto, Pussos - lugar de Loureira e Rego da Murta - lugar de Relvas e Ramalhal), Ansião (todas as freguesias) e Pombal (freguesias de Abiúl, Pelariga, Pombal, Redinha e Vila Cã).

Já fora do distrito de Leiria fazem parte ainda do território de produção de queijo Rabaçal: algumas freguesias dos concelhos de Condeixa-a-Nova (Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Vila Seca e Zambujal), Penela (todas as freguesias), Soure (Degracias, Pombalinho e Tapeus).