Viver
Palavra de Honra | Cada autoridade só tem direito ao respeito que conquista
Paulo Guerra, Juiz desembargador
Já não há paciência... para os comentadeiros deste país que opinam sobre lixívias, barbitúricos, vulcões, vírus, costas, chegas, maremotos, longas-metragens, jazz, touradas, urbanismo, ceras, pós de arroz, dietas, trapos e sentenças criminais. Informem-se primeiro antes de dizerem alarvidades destas para a «pova» ouvir e acriticamente concordar, ok?
Detesto... gente ditadora, intolerante, desleal, invejosa e justiceira.
A ideia... do suicídio perturba-me – gostava de perceber quem assim atenta contra os ais de uma vida que lhe foi dada por Deus, desistindo em alguma estação do caminho, por vezes, tão longe ainda da meta final.
Questiono-me se... seria um bom pai, caso tivesse filhos. Amo muitas crianças. E sei que ser progenitor não é sinónimo de eterna companhia – anos como juiz num Tribunal da Família ditaram essa minha crença. Como costumo dizer, cada autoridade só tem direito ao respeito que conquista, e questiono-me assim se seria capaz de dar aos meus filhos aquilo de que eles carecem mais – ternura, firmeza e bom trato...
Adoro... a voz e a musicalidade da Dulce Pontes, a maior artista portuguesa da actualidade. “Dizem que já foste rio. Sei que os temporais nascem no mar e na tua voz, Dulce».
Lembro-me tantas vezes... de alguém que, para mim, está sempre vivo: o Santo João Paulo II, Papa do Mundo, poeta das neves e encenador de uma nova Igreja, subido a outra instância em 2 de Abril de 2005. É a Ele que sempre rezo, quase em 1ª instância.
Desejo secretamente... um dia, poder privar com a superlativa actriz Meryl Streep, a fim de lhe perguntar como é possível alguém apagar-se daquela forma atrás de uma personagem e de uma máscara, levando a ARTE à vertigem da perfeição.
Tenho saudades... dos meus pais Maria de Lurdes e Joaquim e da minha sogra Maria de Fátima. Pela superioridade cívica e pelo exemplo. E do salvífico cheiro do creme NIVEA posto por minha Mãe aquando das idas à Praia das Miragens, em Moçâmedes, Angola, nos idos dos anos 60, onde os nossos pés mal conseguiam aguentar o quente da areia branca numa praia de outro mundo onde, como diria Mia Couto, «as raças eram fardas que vestíamos». Está tão presente na minha memória que até dói – o tempo foi o da minha infância mais do que perfeita.
O medo que tive... quando fui mordido com seis anos por dois raivosos cães que quase me mataram em terras do Namibe. Perdi alguma carne. Podia ter sido o meu fim. Cedo percebi que os devia respeitar sem os ter de tocar, sem os ter a meu lado como companheiros de vida. Não os diabolizando, temi-os a partir de então. Não me censurem por isso. Ainda hoje sinto o seu bafo quente nos meus infantes ouvidos e tremo…
Sinto vergonha alheia... quando vejo todos os dias o senhor da América do Norte, hoje governante do país da minha muito amada avó materna, um ser que mais desafia a minha paciência e que mais me faz corar dessa mesma vergonha alheia.
O futuro... pertence a Deus e às boas e más decisões que nós tomarmos por cima dos destinos e do livro do nosso registo civil onde fica gravada para sempre a muita ou pouca luz que tivemos em crianças.
Se eu encontrar... a felicidade pelo caminho entrego-a inteira nas mãos da minha amada Constança.
Prometo... como trabalhador da infância, nunca deixar de proteger as crianças deste país, seguindo o bom farol do meu Mestre Armando Leandro, tudo fazendo para que tenham sempre direito a uma infância de excelência pois creio piamente que «o que se passa na infância não fica na infância».
Tenho orgulho... nos meus queridos sobrinhos, em número de 14, pelo caminho recto que sempre seguiram e pela alma que trazem à minha vida.