Viver
Palavra de Honra | Se eu encontrar o Maradona, beijo-lhe o pé esquerdo
André Crespo, professor
Já não há paciência... para Urgências Pediátricas e Obstétricas fechadas e Shoppings abertos aos fins de semana e feriados.
Detesto... acordar ao som das balas, ligar o rádio e constatar que os noticiários se tornaram livros de “deve e haver” e saldos de prestação de contas das vítimas de conflitos armados espalhados um pouco por todo o mundo.
A ideia... de alguém ser a favor do rearmamento da Europa, defender medidas que aumentam as desigualdades sociais e, ao mesmo tempo, valorizar o legado do Papa Francisco, repugna-me.
Questiono-me se... é possível continuar a fechar os olhos ao genocídio em Gaza, e aceitar a hipocrisia europeia e do mundo ocidental, face a um episódio continuado de extrema violência, violando todos os princípios do direito humanitário internacional, resultando em dezenas de milhares de mortos civis, dos quais 70% mulheres e crianças (dados do Escritório de Direitos Humanos da ONU).
Adoro... decisões coletivas.
Lembro-me tantas vezes... que “Em Novembro é de Abril e Maio que me lembro”.
Desejo secretamente... que o País inteiro se torne uma imensa Festa do Avante!, onde a cultura, a arte, o convívio intergeracional e a camaradagem sejam os pilares da construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais harmoniosa e mais poética.
Tenho saudades... da Lisnave.
O medo que tive... de acordar e não ter tempo.
Sinto vergonha alheia... de, como diz o JP Simões, “a minha geração já se ter calado, já se ter perdido, já ter amuado, já se ter cansado, desaparecido, ou então casado, ou então mudado ou então morrido” e ter deixado entrar uma horda de fascistas no Parlamento.
O futuro... será uma sucessão de solstícios e equinócios com intervalos pelo meio, como folhas brancas à espera de serem escritas. Tens lápis?
Se eu encontrar... o Maradona, beijo-lhe o pé esquerdo.
Prometo... estar na rua, empunhar um cravo vermelho e gritar “25 de abril, sempre! Fascismo nunca mais!”, na próxima sexta feira, no desfile “Leiria sai à rua!” a começar às 16h00 no Mercado Municipal. Prometam também!
Tenho orgulho... dos camaradas que me fizeram ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria e me fizeram indestrutível porque, com eles, não termino em mim mesmo. Beijos ao
Neruda!