Sociedade

Presentes que marcam uma vida

21 dez 2019 19:28

O que oferecem os nossos convidados aos concelhos onde vivem?

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Qual o melhor presente?
DR

Todos terão recebido, há menos ou mais tempo, um presente de Natal especial que, de alguma forma, marcou a vida. O Jornal de Leiria ouviu algumas personalidades da região sobre o ‘tal’ presente que ficou na memória até aos dias de hoje, desafiando-as ainda a escolher algo para oferecer à comunidade onde estão inseridas.

1. Qual o presente de Natal que mais o marcou?

2. Se pudesse dar um presente ao concelho onde vive, o que seria?

 

Frederico Brazão Ferreira, empresário, Leiria
1. O presente que mais apreciei, e aprecio, é reunir a família toda na Noite de Natal, em minha casa, em Leiria. Esse é que é o grande presente. Somos 31 pessoas. Cinco filhos, e respectivos cônjuges, e 14 netos e seus parceiros. Este ano gostaria de voltar a reunir toda a gente, mas duas pessoas vivem na Austrália e talvez não seja possível.
2. Boa pergunta! Não me parece que possa dar algo palpável. Resta-me fazer votos para que as entidades responsáveis e os autarcas tornem a cidade o mais actractiva possível, beneficiando todos os habitantes.
 
Gonçalo Cardoso, director do Museu de Arte Sacra e Etnologia, Ourém

1. Guardo com carinho a oferta que me foi dada pelos meus avós maternos teria eu uns 8 anos: um gato bebé siamês que, na altura, era muito invulgar encontrarmos nos lares. Foi uma grande surpresa e que me deu responsabilidade, ficando encarregue de o alimentar, educar e sobretudo dar carinho. O pior foi quando descobri que era alérgico ao seu pêlo que me provocava crises de bronquite, obrigando-me a manter distância...
2. Ao concelho de Ourém daria sobretudo mais auto-estima e pro-actividade. Que valorizassem mais o que têm e acedessem às actividades, ofertas e potencialidades que se encontram ao seu dispor. Recebendo este presente e aplicando-o, com toda a certeza ganharíamos outros presentes.
 
Nuno Santos, violinista e surfista de ondas grandes, Leiria


1. A prenda mais importante que recebi foi um violino quando tinha 10 anos (e que ainda hoje o tenho); sem dúvida, uma prenda para a vida.
2. Oferecia um concerto do meu
novo álbum Fado Improvável. Porque acredito que oferecer música é a melhor prenda de Natal!
 
 
 
 
 
 
 
Elsa Almeida, empresária, Leiria
1. Nos últimos anos os presentes de Natal que me têm vindo a marcar são, sem dúvida, a surpresa que em todos os jantares de Natal da empresa os funcionários preparam, dinamizando a animação do evento anual, surpreendendo sempre a cada ano com divertimento e originalidade. Por exemplo, em 2016 encenaram um presépio animado, e em 2018 um desfile de moda, no qual as criações eram inspiradas em peças que produzimos, incorporando detalhes de cerâmica na elaboração dos fatos. Estes são sem dúvida os presentes que mais me têm marcado.
2. Se pudesse dar um presente ao concelho de Alcobaça dar-lhe-ia prosperidade, sucesso e crescimento a todos os níveis.
 
Patrícia Santos, gestora de marketing, Porto de Mós
1. As minhas melhores memórias do Natal são as pessoas. O meu melhor presente de Natal é sem dúvida a possibilidade de estar com quem mais gosto. E numa família onde a emigração está presente, o podermos estar juntos fisicamente a partilhar uma refeição ganha outra importância.
2. Gostaria de oferecer a Porto de Mós o título de concelho verde e sustentável. E para isso oferecialhe uma rede de recolha selectiva de resíduos orgânicos. Oferecia também uma campanha de sensibilização para a reciclagem que colocasse 100% dos portomosenses a encaminhar os resíduos para os ecopontos, nem que fosse pelo regime de recompensas. E no mesmo pacote incluía ainda um projecto educativo para o concelho que eduque as crianças e jovens para os outros R´s da sustentabilidade, especialmente o Repensar, Recusar, Reduzir e Reutilizar.
Joana Ferreira, professora e actriz no TAP, Pombal
1. No Natal passado, ofereceram-me um envelope preso a uma lata. Assim que o abri, li a frase que faz qualquer pessoa sonhar alto “a próxima viagem pago-a eu!” Sem dúvida alguma, o melhor presente que me foi dado, pois irá transformar-se em momentos passados a dois, onde se criarão histórias e novas memórias que perdurarão – pelo menos enquanto a memória não me falhar.
2. Neste momento, o que o meu concelho mais precisa é de um pavimento novo nas estradas. Penso que seria um agradável presente para todos os pombalenses.
 
Irina Rodrigues, atleta olímpica
1. O presente que mais me marcou foi aquele em que descobri quem era o Pai Natal. Nesse dia adormeci antes da meia-noite e no dia seguinte fui ansiosa para a lareira ver se a bota que deixei lá tinha algum presente. Não me lembro qual era o presente, mas fiquei feliz quando soube que, durante aquele tempo todo, tinha o Pai Natal todos os dias comigo.
2. Ao meu concelho gostaria de oferecer a resolução de todas as dívidas. Assim poderíamos todos sonhar com outros projectos.
 
 
Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, Caldas da Rainha
1. Os presentes que recebemos enquanto crianças são sempre os que marcam mais, pelo seu significado e pelo seu contexto. Lembro-me do impacto enorme que teve para mim uma bicicleta de estrada quando tinha 9 anos, que ainda tenho em minha casa, mas que já não aguenta com o meu peso, ou do spectrum 128k, quando tinha 12 anos, que já não tenho, ou da camisola do Manchester City, quando tinha 13 ou 14 anos, que acho que tenho, mas que não me serve! Foram sem dúvida dos presentes que mais gostei!
2. Vivo nas Caldas da Rainha, um concelho que é imagem de muitos outros da região de Leiria e Oeste, onde é bom viver, estudar e trabalhar, em suma, onde temos qualidade de vida e segurança. No entanto, é sempre possível ter mais e melhores serviços de saúde, de educação e serviços urbanos promotores de qualidade de vida. Como me permitem apenas um presente, diria uma linha de comboio electrificada que ligasse Caldas da Rainha a Lisboa e Caldas da Rainha a Leiria, com ligação à linha do Norte.
António Cova, cantor, Leiria
1. Todos sabem o quanto adoro casacos, tenho uma colecção interminável. Sabendo isso, há um ano e meio, um casal amigo ofereceu-me no Natal um magnifico broche em madrepérola. Nunca me esqueci do bonito gesto, foi mesmo o que mais gostei na vida. Eles também gostaram e fiquei ainda mais contente por isso. 2. Fazia o contrário do que se faz presentemente. Oferecia um carro eléctrico num valor acima dos 100 mil euros a cada cidadão e colocava postos de abastecimento públicos a pagar.
 
Pedro Pimpão, presidente da Junta de Freguesia de Pombal
1. O presente que destaco está relacionado com o meu novo lar, que contribui para a minha estabilidade pessoal e está igualmente relacionado com a alegria que tenho sentido, por parte dos meus familiares e conterrâneos, neste regresso permanente à minha terra natal.
2. Quanto a Pombal, ficaria muito contente se tivéssemos, como presente, a criação de um centro de investigação tecnológico ou uma incubadora de inovação social, para que tenhamos mais capacidade para atrair massa crítica e fixar mão de obra qualificada. O futuro exige novas abordagens e ideias que contribuam para combater a “fuga de cérebros” do nosso território. O objectivo deve passar por captar e promover o talento que existe nas novas gerações.
Diana Nicolau, actriz, Alcobaça
1. Na minha família, desde há alguns anos que para combater o consumismo, e apostar mais no convívio, se aboliram os presentes excessivos na consoada. Fazemos uma versão do Amigo Secreto, chamado Inimigo Secreto. Cada pessoa compra e recebe apenas um presente de valor simbólico. O presente que mais me marcou? No Natal de 2015, um mês antes de partir para o Quénia numa missão de voluntariado, a minha família juntou-se e em vez de presentes, entregaram doações que levei para ajudar muita gente que precisava. Foi muito comovente ver muita gente abdicar dos seus presentes para dar aos mais carenciados. Os meus pais sempre incentivaram muito lá em casa o espírito altruísta e solidário, e não apenas no Natal, mas todo o ano.
2. Este ano, em particular, gostava de oferecer alguma proactividade ao povo português, para termos uma voz mais activa nas nossas lutas pessoais e profissionais. Oferecia bilhetes de teatro a todos os portugueses que não consomem mais cultura por falta de meios, já que o Governo anda desmazelado nessa área.
Luís Marques da Cruz, cineasta, Leiria
1. Um livro: A Montanha Mágica, o qual recebi como prenda no Natal de 2013. Lido em poucos dias, num estado de incredulidade tal que me via obrigado a confirmar, com amigos, e por meio de telefonemas, se sabiam (e o que sabiam!) acerca desta Montanha... A riqueza das alegorias com que Mann aborda as dicotomias Fé/Razão, Humanismo/Teocentrismo e Natureza/Cultura (entre outras) já teria sido o bastante para marcar indelevelmente a minha vida. Mas aquela montanha é de tal forma mágica que, no fim de contas - como Hans Castorp, o seu “herói”, descobrirá -, não há dicotomia que não se dissolva… em pó.
2. Se me é permitida a fantasia, gostaria de oferecer a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, participam no debate público sobre o destino desta nossa gigantesca pólis, a capacidade de ser benévolo para com a opinião alheia; mesmo (e principalmente) quando esta é adversa à nossa particular convicção; A mim próprio, e por sinal, gostaria de eu estender a mesma oferta.