Sociedade

Redondos, aldeia de Pombal com 500 anos, diz-se moribunda devido a maus cheiros

3 out 2025 12:15

"Assim que termina o horário da fiscalização o cheiro é horrível", dizem moradores

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Gases como sulfato de hidrogénio e amoníaco causam irritações oculares e respiratórias
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Jacinto Silva Duro

“Não podemos abrir uma janela e no Verão não podemos fazer uma refeição ao ar livre. É um cheiro horrível que dá má disposição.”

O período de participação pública da última reunião pública da Câmara de Pombal, antes das eleições do dia 12, ficou marcado pelas queixas de maus cheiros dos moradores da Aldeia dos Redondos, na freguesia de Pombal.

O problema, que se terá agudizado nos últimos quatro anos, estará no excesso de fezes de aves que chegam à unidade de tratamento de estrume existente na localidade e propriedade da empresa Campovo.

“Estamos a falar de gases como o sulfato de hidrogénio e o amoníaco, que causam irritações oculares e respiratórias e ainda tosse persistente.”

Apesar das participações nos serviços de ambiente e forças de segurança, os moradores dizem que quando se realizam inspecções, “curiosamente”, não cheira mal.

“Sinto uma enorme tristeza por uma aldeia que tem 500 anos e que está a morrer às mãos de uma exploração pecuária”, disse o porta-voz dos moradores, adiantando que as casas desvalorizaram e há quem se tenha mudado ou desistido de adquirir ali habitação.

“A partir de sexta-feira às 19 horas, assim que termina o horário da fiscalização o cheiro é horrível!”

A vereadora do PS, Odete Alves, no início da reunião já havia alertado o executivo para o agravamento da questão dos maus-cheiros de unidades pecuárias no concelho, sublinhando a necessidade de conciliar os interesses económicos, com os da população.

“Neste caso, a vida das pessoas está a ser posta em causa. É preciso que se tome medidas mais musculadas para minimizar o impacto destas explorações pecuárias, tal como fizemos com as mineiras, onde o executivo e a oposição tomaram uma posição conjunta, mais enérgica e concertada”, disse.

O presidente da câmara, Pedro Pimpão, concordou e recordou que têm sido realizadas fiscalizações em vários locais do concelho, mas algumas responsabilidades não são da autarquia.

Admitiu que “nos sítios mais críticos” será necessário encontrar soluções em conjunto com os empresários.

“Há um dever de responsabilidade social e ambiental que tem de ser cumprido”, afirmou, adiantando que solicitará acompanhamento mais apertado da situação em Aldeia dos Redondos e localidades vizinhas.