Editorial

Alta velocidade. É desta vez?

5 nov 2020 16:09

Segundo fonte oficial do Ministério das Infraestruturas, “deverá implicar uma nova estação em Leiria” e “ser articulada com a Linha do Oeste”.

O assunto alta velocidade parece, tal como outros em Portugal, uma daquelas séries com várias temporadas, cujos episódios são muito semelhantes, sem que haja realmente avanços no enredo.

O ministro das Infraestruturas disse por estes dias que há um “consenso alargado” entre PS e PSD sobre a necessidade de reduzir o tempo de viagem entre Lisboa e Porto e que, por isso, “mesmo com mudanças de Governo, não deixaremos de fazer esse investimento”.

Mas basta recuperar os arquivos dos meios de comunicação social dos últimos anos para perceber que as promessas anunciadas não têm passado disso mesmo.

Já em Julho de 1999 o Público fez manchete com o tema “TGV vai ligar Lisboa ao Porto em 1h15”.

Escrevia o JORNAL DE LEIRIA em 2007: “previsto para entrar em funcionamento em 2015, o comboio de alta velocidade deverá ligar Lisboa e Porto numa hora e 15 minutos. Estão previstas seis estações: Lisboa, Ota, Leiria, Coimbra, Aveiro e Porto”.

Depois de muitas discussões sobre o traçado, o projecto nunca chegou a avançar, nem na versão inicial nem na versão mais sustentada que chegou a estar em fase de concurso no tempo de José Sócrates, dando prioridade à ligação Lisboa/Madrid em alta velocidade e cujo concurso chegou a ser adjudicado.

Com a crise e a intervenção da troika, no Governo de Passos Coelho, a ideia foi abandonada.

Agora, o Programa Nacional de Investimentos 2030 contempla a construção de uma linha de alta velocidade em via dupla para passageiros entre Porto Campanhã e Lisboa Oriente, com horizonte de execução entre 2021 e 2030.

Segundo fonte oficial do Ministério das Infraestruturas, “deverá implicar uma nova estação em Leiria” e “ser articulada com a Linha do Oeste”.

A viagem de Leiria a Lisboa passará a demorar 35 minutos. Se isto realmente vier a acontecer, muito poderá mudar no paradigma da mobilidade dos leirienses.

Se os preços forem minimamente competitivos, os habitantes do distrito terão na ferrovia uma alternativa real ao carro e mesmo ao autocarro. Também a modernização e electrificação da Linha do Oeste entre Caldas da Rainha e Louriçal, até 2025, faz parte do Programa Nacional de Investimentos 2030, apresentado pelo Governo a 22 de Outubro.

Quando concluídas todas as obras, estará garantida a electrificação total, desde Mira Sintra-Meleças até à Figueira da Foz. Projectos que, avançando, mudarão o panorama dos transportes e da mobilidade dos moradores do distrito de Leiria.

Assim não se fique, mais uma vez, pelas promessas.