Opinião

Da periferia ao centro

15 jul 2021 14:37

No fundo, se estamos no centro, queremos ir para a periferia, e se estamos na periferia queremos de ir para centro.

A relação entre periferia e centro está presente em muitos aspectos do quotidiano. Assim, surge-nos quando aceitamos comer pratos originais de outros países, aceitando e comparando a diferença de sabores/culturas, ou na escolha de uma casa para viver, onde o vaivém para o centro/local de trabalho/compras é um dos aspectos mais relevantes.

É normal haver uma maior influência do centro para as periferias, de uma cultura dominantes para as emergentes, mas também é fundamental que o centro se renove, dando espaço a aspectos que vêm das periferias.

Simplificando, existem dois sentidos nesta relação. Do centro para a periferia, e da periferia para o centro. No fundo, se estamos no centro, queremos ir para a periferia, e se estamos na periferia queremos de ir para centro. Não havendo nenhuma obrigatoriedade de comutarmos da aldeia para a cidade ou vice-versa, podemos simplesmente deixar-nos estar.

Existe, porém, uma relação territorial entre estes dois tipos de cultura. De pouco vale engrandecer a província ou tornar típica a metrópole, basta aceitar que o seu sincretismo, a coexistência simultânea de várias formas de pensamento, está assente na coabitação disto tudo ao mesmo tempo.

Há inclusive diversos movimentos que oscilam neste comutar entre cosmopolitismo e provinc ianismo e buscam de parte a parte influências relevantes.

Numa perspectiva individualista, também encontramos a noção de periferia e centro, ou fora e dentro, na nossa relação com os outros. Ser antropófago, em que num sentido figurado nos alimentamos uns dos outros, contribui para uma dieta saudável em humanismo.

Se numa perspectiva mais pós-moderna acreditámos exceder as fronteiras do aceite, confrontando as consequências mais tarde, actualmente acredito que aceitar a realidade, nos seus confrontos entre valores e tradições, nos pode garantir um futuro no qual existe uma concordância entre modelos projectados/desejados e capacidade de execução/realização. Tornar real o que desejamos, sem que isso nos prejudique a alcançá-lo.