Editorial

Em Portugal, o TGV anda a vapor! 

20 jul 2023 09:26

O problema que vai muito além da falta de planos sérios para a decrépita Linha do Oeste e preocupa os empresários

Os empresários da região de Leiria já devem ter perdido a conta às vezes que ouviram elementos de praticamente todos os Governos da III República gabarem o seu “espírito empreendedor ímpar”, a sua “criatividade”, o seu “gigantismo económico” – acompanhado do inseparável nanismo político - e as vezes que foram mimoseados com a "resiliência", o novo e importado anglicismo da moda.

Na semana passada, o ministro da Economia e do Mar veio a Leiria apresentar, a esses mesmos empresários, os mecanismos de apoio à actividade económica, sublinhando que está na hora de a administração central estar mais próxima do tecido empresarial, prometeu ajudas do Banco Português de Fomento (BPF), das Agendas Mobilizadoras, da Agência Nacional de Inovação (ANI) e do Portugal 2030, através do Centro 2030.

Ou como afirmou na sessão, Samuel Delgado, responsável pela Solancis, “afinal, após ouvir as responsáveis do BPF, da ANI e da CCDRC, vai haver dinheiro e vai ser tudo muito fácil. Só falta conseguir ter a reunião que andamos há meses a tentar marcar!”

O tom foi de brincadeira, mas o recado foi sério.

Tal como foram os comentários sobre o excesso de carga fiscal e a falta de capital para alavancar as empresas que pretendem afirmar-se nos mercados internacionais.

Contudo, mesmo com o tsunami de dinheiro com que o primeiro-ministro promete afogar a economia, os empresários da região não perdem o pé.

Avisaram que não existe um hub de transportes ferroviário, para escoar as mercadorias, em especial numa Europa que se prepara para usar as taxas carbónicas decorrentes do transporte rodoviário, como medidas proteccionistas encapotadas.

Sejamos francos, o problema vai muito além da falta de planos sérios para a decrépita Linha do Oeste.

Em Portugal, o TGV anda a vapor! Os empresários arriscam modernizar-se, gastar o tsunami, fazer tudo o que lhes é pedido e, no final, não terão para onde exportar por culpa da lentidão da administração central.