Opinião

Haverá controlo no (in)controlável?

11 out 2018 00:00

A determinação de uma dificuldade não pode ser explicada, apenas, por um efeito contido numa causa anterior ou consequência posterior.

Atensão ou activação, em particular a inflamação dos impulsos emocionais, podem estar associadas a uma multiplicidade de variáveis ou factores precipitantes, tais como pensamentos, condições externas e traumáticas vividas, observadas ou pressentidas, podendo inclusivamente ser incitadas pela acção ou conduta do próprio e dos outros, sobretudo, se de algum modo interferem com a garantia do estado de protecção, equilíbrio e sobrevivência.

Esse largo espectro de ignição dos sentimentos poderá ser proveniente não apenas de eventos ou condições singulares, mas também de circunstâncias que se repetem sistematicamente na vida do ser humano, num período contínuo e repetido.

Há, porém, um equívoco nesta condição que nem sempre é subordinada a um sentido de causalidade linear, pressupondo o controlo como componente primordial da existência, mecanismo passível de ser (re)aprendido e não governado pelas garras do destino.

É por esta razão que a percepção de controlo é uma variável psicológica complexa e estimulante. A determinação de uma dificuldade não pode ser explicada, apenas, por um efeito contido numa causa anterior ou consequência posterior.

Pelo contrário, cada indivíduo pode divergir nesse processo de vigilância e auto-domínio, modificandose e progredindo, ou extinguindo-se e anulando-se, por intermédio da interacção com os diversos agentes de aprendizagem e socialização que coexistem no seu reportório de experiências e ciclo evolutivo.

Há uma constante deriva assente na transformação da realidade que é aleatória no percurso de cada sujeito, ainda que no centro de controlo do corpo – o cérebro -, sejam preservadas as mutações que melhor adaptam o organismo ao mundo, em ecossistemas que se encontram em permanente renovação.

Talvez por isso, Franz Kafka tenha assentido que “não aspiro ao auto-controlo, pois esse significa querer actuar num ponto

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