Desporto
A activista do ambiente, o amigo de Neymar e a luta pelo trono
No regresso da elite do surf a Peniche, o Meo Rip Curl Pro pode definir o rei e a rainha de 2019.
É o penúltimo evento do circuito e os melhores surfistas do mundo chegam com a decisão do título em aberto. Eles e elas.
Agendado para a Praia do Medão, mais conhecida por Supertubos, o Meo Rip Curl Pro Portugal pode consagrar o novo rei e a nova rainha do surf mundial, antes mesmo do encerramento da temporada de elite, em Dezembro, no Havai.
O arranque da prova foi ontem adiado, hoje, quinta-feira, há nova chamada, mas a organização espera melhores ondas já amanhã e sábado.
Em cada competição, masculina e feminina, há 550 mil euros em prémios, dos quais 100 mil para o vencedor e outro tanto para a vencedora.
Nos homens, dois atletas brasileiros ocupam os dois primeiros lugares do ranking, mas só um deles está em condições de sair de Peniche com o campeonato no bolso: Gabriel Medina, que enfrenta a concorrência de Filipe Toledo.
Com menor probabilidade, porque partem mais atrás, na tabela de pontos, também Jordy Smith, Italo Ferreira e Kolohe Andino, entre outros, estão na corrida pelo Championship Tour da World Surf League.
Aos 25 anos, Gabriel Medina é o surfista mais popular da nova geração e procura o terceiro registo de campeão do mundo no patamar de topo da World Surf League, depois de vencer em 2018 e em 2014. Abaixo das expectativas durante a primeira metade da época, melhorou nos meses de Julho, Agosto e Setembro, com triunfos em Jeffreys Bay e na piscina de ondas do Freshwater Pro, além de um segundo lugar em Teahupoo, no Taiti. Campeão em título, segue na liderança e é o favorito. O que já ninguém lhe tira é o estatuto de primeiro brasileiro a sagrar-se campeão do mundo de surf. Parece impossível, mas, até recentemente, nem samba nem show de bola. Australianos, norte-americanos e havaianos dominam a modalidade há décadas e só agora o Brasil está a chegar ao lugar cimeiro do pódio (Adriano de S ouza venceu em 2015). Há até nome para a vaga de mudança: brazilian storm.
Gabriel Medina, que venceu o primeiro evento do Championship Tour aos 17 anos, derrotando o maior de todos os tempos, Kelly Slater, no caminho, também fez história por assinar o primeiro backflip em competição. É amigo de Neymar, costuma rezar antes de entrar no mar e diz que já se absteve de sexo durante meses para se concentrar na carreira.
Filipe Toledo, também natural do estado de São Paulo, no Brasil, é neste momento o principal rival de Gabriel Medina na luta pela coroa da World Surf League. Na actual temporada, dominou o Oi Pro Rio, mas tem alternado boas prestações com maus resultados – na semana passada, em França, perdeu logo na segunda eliminatória.
Quanto a portugueses no Meo Rip Curl Pro Portugal, estão inscritos Miguel Blanco, Vasco Ribeiro (Vasquinho) e Frederico Morais (Kikas), todos por convite. Os dois primeiros ocupam, respectivamente, as posições 67 e 144 do ranking Qualifying Series da World Surf League, o segundo escalão do surf mundial.
Já Frederico Morais, é o sexto classificado do ranking Qualifying Series, ou seja, está bem dentro dos lugares de acesso a competir entre a elite no próximo ano. Seria o regresso: Frederico Morais já esteve no Championship Tour em 2017 e 2018 e no ano de estreia obteve mesmo um 14.º lugar final. Em 2019, até à data, participou como substituto em cinco eventos do Championship Tour, em que aparece no 34.º lugar, muito graças às meias-finais no Oi Rio Pro, no Brasil, em Junho.
No início de cada temporada, a lista de participantes no Championship Tour é constituída por 34 surfistas: os 22 primeiros do ranking Championship Tour anterior, os 10 primeiros do ranking Qualifying Series anterior e 2 wild cards. Em 2019, há um ingrediente extra: os primeiros 10 qualificam-se para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020. Mas esta guerra Kikas já venceu, com a vaga garantida nos ISA World Surfing Games, há um mês.
No circuito feminino, a havaiana Carissa Moore está bem encaminhada para a vitória, depois de ganhar duas das três últimas etapas. Três vezes campeã do mundo, a última em 2015, tem tudo para chegar ao quarto título, que a deixaria, apenas, atrás de Layne Beachley ( já retirada) e Stephanie Gilmore.
Com 27 anos, Carissa é conhec ida por dar voz à causa ambientalista e conta que em criança apanhava lixo das praias no Havai, onde nasceu e reside, sempre que o pai a levava a surfar. Lakey Peterson, Sally Fitzgibbons e Caroline Marks são as principais perseguidoras.
Peniche é a única etapa do Championship Tour que se realiza em Portugal, com os melhores surfistas do mundo. E a Rip Curl e a World Surf League já garantiram que o evento vai repetir-se, pelo menos, até 2021.