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Alqueidão da Serra recupera órgão de tubos do século XVIII
Instrumento estava há mais de 30 anos sem funcionar e encontrava-se em mau estado de conservação
Um órgão de tubos construído no século XVIII para a Igreja de Alqueidão da Serra vai voltar a tocar no final do ano após décadas de inactividade, anunciou a paróquia daquela freguesia de Porto de Mós, no distrito de Leiria.
Há mais de 30 anos sem funcionar, o instrumento encontrava-se “num lastimoso estado de conservação”, recordou, em comunicado, a Comissão para o Restauro do Órgão de Tubos de Alqueidão da Serra.
Alguns dos habitantes mais velhos da aldeia ainda se recordam de ouvir o órgão em funcionamento na igreja paroquial.
Lá para Dezembro voltará a ser possível fazê-lo, após o restauro que decorrerá ao longo dos próximos dez meses.
“Depois de várias décadas de deterioração, que quase levaram à sua perda irremediável, espera-se que até ao próximo Natal o som do órgão de tubos histórico de Alqueidão da Serra volte a ser ouvido a acompanhar a liturgia ou como suporte a actividades culturais”.
O órgão de tubos de Alqueidão da Serra é um órgão do tipo positivo e as suas características apontam para “relativa raridade” no País e, sobretudo, na Diocese de Leiria-Fátima.
Motivos para que a comunidade paroquial “não pudesse protelar mais a recuperação e a colocação em funcionamento desta valiosa peça artística, sob pena da sua perda para sempre”.
A Comissão para o Restauro do Órgão de Tubos de Alqueidão da Serra cita o organeiro italiano Giuseppe Ruffati para indicar que o instrumento foi construído por “um organeiro português”.
As características da peça, “pelo esmero de elaboração, qualidade dos materiais e delineação fónica”, revelam que se trata de “objecto de raro valor histórico e cultural”.
O mestre organeiro Dinarte Machado, responsável pela recuperação dos órgãos de tubos do Convento de Mafra, assumirá o restauro do órgão de Alqueidão da Serra.
Referido também pela mesma comissão, Dinarte Machado reconheceu que se trata de “um instrumento muito importante para a organaria histórica portuguesa, cujas características se assemelham à forma de construir do mestre português António Xavier e Cerveira, onde também não esconde aspectos relacionados com a Escola Italiana”.
A intervenção vai incidir sobre “toda a estrutura de madeira e restauro da talha, tubos, os foles e teclado”, e está orçamentada em “cerca 40 mil euros, acrescidos de IVA”, suportados pelo apoio do Município de Porto de Mós e verbas a angariar junto de empresas e particulares, concluiu a comissão.