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Atelier das Artes. Nesta turma todos são artistas e o mundo é um lugar de encantamento

24 jan 2025 16:00

Uma exposição colectiva que assinala 30 anos do Atelier das Artes coordenado por Hirondino Pedro inaugura sábado no antigo edifício do Ateneu em Leiria

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As aulas acontecem uma vez por semana na Acrenarmo
Ricardo Graça

Trinta anos de Atelier das Artes, que não é só pintura e discurso acerca de telas, óleos e molduras. “Também se conversa muito sobre assuntos sociais” e “desenvolvimento pessoal”, diz Florbela Silva. “E, sobretudo, as preocupações que cada um tem”, em temas como “o ambiente” ou “o bem-estar comum”, por exemplo, são “discutidas de uma forma acesa, mas pacífica”, em que se aceita a diferença. “Nem sempre encontramos um circuito onde isso possa acontecer, portanto, cativou-me bastante”.

A dirigir o Atelier das Artes, desde o primeiro momento, está o artista plástico Hirondino Pedro, que procura contagiar os alunos com uma visão baseada no poder transformador da cultura. “Acreditarmos na educação pela arte” e no que “o desenvolvimento artístico pode acrescentar em pessoas que nem sequer querem ser pintoras, mas gostam de pintar”, explica a empresária de 61 anos, que todas as quintas-feiras se desloca do Cartaxo ou de Caldas da Rainha para as instalações da associação Acrenarmo, em Leiria.

“Não é só desenvolver a habilidade técnica, é muito mais do que isso”, resume.

Do grupo também faz parte Bruno Ferraz, que já tinha frequentado as aulas em 2005 e 2006. Voltou após a pandemia para aprender técnicas de aguarela, no entanto, como “o conhecimento não tem limite”, o canteiro de 44 anos continua a deslocar-se uma vez por semana desde Ourém para manter viva a relação com a pintura, que o deixa “mais tranquilo”.

“Pode ter começado como hobby, agora é quase um sustento para a alma”, afirma. No ano passado, Bruno Ferraz realizou a primeira exposição individual, com o título Identidade, no posto de turismo de Fátima. E, ainda em 2024, publicou o primeiro livro, em que contribui com ilustrações.

Hirondino Pedro salienta que o objectivo do Atelier das Artes, além de ensinar desenho e pintura, “é utilizar a arte como um meio de desenvolvimento humano e de bem-estar pessoal e colectivo”.

“Toda a gente ali contribui e ajudam-se uns aos outros”, refere, num ambiente “descontraído” e “livre das amarras e das competições do dia a dia”.

“A ideia do Atelier não é criar artistas, isso depende do que cada um quer fazer, o Atelier está mais vocacionado para usar ferramentas para a qualidade de vida na relação com o mundo e com o próprio”, reforça.

A arte “obriga a experienciar com atenção” e “a beleza e o contentamento que se forma em nós vem dessa atenção”, realça Hirondino Pedro. “A principal motivação que tenho no Atelier é acreditar que em todo o humano existe a capacidade artística”.

Actualmente, o Atelier das Artes reúne uma dezena de pessoas, dos 10 anos até mais de 60, e funciona às quintas-feiras, entre as 20 e as 23 horas, na Acrenarmo, junto ao museu m|i|mo. É possível entrar em qualquer época do ano e o acompanhamento é individualizado.

Próximo sábado: exposição no antigo Ateneu
 
Uma exposição colectiva de alunos que passaram pelo Atelier das Artes de Hirondino Pedro vai ocupar o antigo edifício do Ateneu na Praça Rodrigues Lobo, em Leiria. A inauguração está marcada para as 15 horas de sábado, 25 de Janeiro, e as obras podem ser vistas até 23 de Fevereiro. No dia da inauguração, haverá música ao vivo e uma actividade para crianças, Artistas do Futuro, em que os mais novos serão desafiados a experimentar a pintura e o desenho. A exposição comemorativa dos 30 anos do Atelier das Artes tem o título Criar Felicidade.