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Atelier das Artes. Nesta turma todos são artistas e o mundo é um lugar de encantamento
Uma exposição colectiva que assinala 30 anos do Atelier das Artes coordenado por Hirondino Pedro inaugura sábado no antigo edifício do Ateneu em Leiria
Trinta anos de Atelier das Artes, que não é só pintura e discurso acerca de telas, óleos e molduras. “Também se conversa muito sobre assuntos sociais” e “desenvolvimento pessoal”, diz Florbela Silva. “E, sobretudo, as preocupações que cada um tem”, em temas como “o ambiente” ou “o bem-estar comum”, por exemplo, são “discutidas de uma forma acesa, mas pacífica”, em que se aceita a diferença. “Nem sempre encontramos um circuito onde isso possa acontecer, portanto, cativou-me bastante”.
A dirigir o Atelier das Artes, desde o primeiro momento, está o artista plástico Hirondino Pedro, que procura contagiar os alunos com uma visão baseada no poder transformador da cultura. “Acreditarmos na educação pela arte” e no que “o desenvolvimento artístico pode acrescentar em pessoas que nem sequer querem ser pintoras, mas gostam de pintar”, explica a empresária de 61 anos, que todas as quintas-feiras se desloca do Cartaxo ou de Caldas da Rainha para as instalações da associação Acrenarmo, em Leiria.
“Não é só desenvolver a habilidade técnica, é muito mais do que isso”, resume.
Do grupo também faz parte Bruno Ferraz, que já tinha frequentado as aulas em 2005 e 2006. Voltou após a pandemia para aprender técnicas de aguarela, no entanto, como “o conhecimento não tem limite”, o canteiro de 44 anos continua a deslocar-se uma vez por semana desde Ourém para manter viva a relação com a pintura, que o deixa “mais tranquilo”.
“Pode ter começado como hobby, agora é quase um sustento para a alma”, afirma. No ano passado, Bruno Ferraz realizou a primeira exposição individual, com o título Identidade, no posto de turismo de Fátima. E, ainda em 2024, publicou o primeiro livro, em que contribui com ilustrações.
Hirondino Pedro salienta que o objectivo do Atelier das Artes, além de ensinar desenho e pintura, “é utilizar a arte como um meio de desenvolvimento humano e de bem-estar pessoal e colectivo”.
“Toda a gente ali contribui e ajudam-se uns aos outros”, refere, num ambiente “descontraído” e “livre das amarras e das competições do dia a dia”.
“A ideia do Atelier não é criar artistas, isso depende do que cada um quer fazer, o Atelier está mais vocacionado para usar ferramentas para a qualidade de vida na relação com o mundo e com o próprio”, reforça.
A arte “obriga a experienciar com atenção” e “a beleza e o contentamento que se forma em nós vem dessa atenção”, realça Hirondino Pedro. “A principal motivação que tenho no Atelier é acreditar que em todo o humano existe a capacidade artística”.
Actualmente, o Atelier das Artes reúne uma dezena de pessoas, dos 10 anos até mais de 60, e funciona às quintas-feiras, entre as 20 e as 23 horas, na Acrenarmo, junto ao museu m|i|mo. É possível entrar em qualquer época do ano e o acompanhamento é individualizado.