Sociedade

Carvoeiros. Há outras chaminés a fumegar na Marinha Grande

10 jul 2016 00:00

O fabrico artesanal do carvão é neste lugar da Marinha Grande uma prática ancestral, que o tempo não apagou. Apenas tornou diferente. São agora os homens quem mais se dedica a esta actividade, que durante séculos foi apanágio delas.

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Daniela Franco Sousa

No passado fim-de-semana realizou- se a segunda edição do Festival Carvoeiro, uma iniciativa de cariz musical e desportivo, coisa de gente jovem, organizada pela Sociedade Desportiva e Recreativa do Pilado Escoura, mas cujo nome muito honra uma tradição ancestral neste lugar da Marinha Grande. Trata-se da carvoaria, uma actividade inicialmente reservada às mulheres, que a modernidade está a transferir para a responsabilidade masculina.

Batemos no portão e quem se assuma é um garoto. Apesar da tenra idade e do ar franzino, o seu rosto mascarrado indicia o trabalho que já tem nas mãos. O avô, que aparece de seguida, confirma que é longa a linhagem de carvoeiros nesta família do Pilado. “Trabalho nisto em part-time, aprendi com a minha sogra e com o meu sogro”, relata o carvoeiro, que agora anda nestas lides com a esposa, com a ajuda esporádica do filho e até do neto.

A produção artesanal de carvão, tão típica do Pilado, é uma actividade que leva muito tempo, um trabalho que envolve muita força e muita sujidade, explica o carvoeiro. Antigamente, eram sobretudo as mulheres, que não tinham emprego e que se ocupavam do cultivo das terras, quem mais se dedicava a esta tarefa. Agora que as mulheres têm emprego como eles, o grosso do trabalho passou a ser assegurado pelos homens, com a ajuda delas.

“Aos sábados, pouco depois das 5 horas, a minha mulher já anda de pé”, explica o carvoeiro, que se reveza nesta actividade com o resto da família, à medida do tempo que sobra a cada um, depois dos empregos. “É uma ajuda ao vencimento. Os ordenados são baixíssimos”, relata o homem, que com este ofício consegue amealhar um tanto igual ao seu vencimento.

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