Economia
De Luanda a Leiria, a aventura de pai e filha no rasto dos exploradores portugueses
O objectivo é percorrer 35.380 quilómetros a bordo da pickup Ford Raptor

O empresário de Leiria, Carlos Oliveira, está a ligar, ao volante de uma pickup Ford Raptor, a capital de Angola, a Leiria, com passagem por Maputo, capital de Moçambique, e Cidade do Cabo, na África do Sul.
A expedição a que deu o nome de Ford Performance Transafricana 2025, conta com a companhia da filha, Ana Oliveira, como navegadora, e foi por si programada.
A chegada à cidade do Lis está planeada para meados de Novembro, após percorrer 35.380 quilómetros. A acompanhá-los, segue também Tetiana Shepelinskya.
“Esta viagem é o corolário de uma carreira de aventura, na variante empresarial”, afirma Carlos Oliveira ao JORNAL DE LEIRIA, a partir do Congo, numa paragem a cerca de 300 quilómetros da fronteira com os Camarões, adiantando que, a par da participação no Dakar, este é um dos maiores sonhos da sua vida.
Em 2003, o piloto, com Pedro Jordão como navegador, ligou Marselha, em França, a Sharm el Sheikh, no Egipto, chegando a estar nos primeiros lugares da classificação geral. “Esse Dakar correu muito bem”, recorda.
O piloto que elogia a capacidade técnica da filha, que também é uma veterana do todo-o-terreno, afirma que os exploradores portugueses Serpa Pinto, Roberto Ivens, Hermenegildo Capelo foram a sua grande inspiração. Em 1877, os três cartografaram as bacias hidrográficas dos rios Zaire e Zambeze.
Carlos Oliveira conta que devorou avidamente os livros com as descrições do centro de África, feitas por estes pioneiros.
Partiu de Luanda a 6 de Junho em direcção a Maputo, tendo percorrido, nesta primeira etapa 9.380 quilómetros.
“Passámos pela Zâmbia, pelo Malawi e visitámos a barragem de Cahora-Bassa. É uma obra extraordinária em todos os aspectos, que fazia parte dos meus desígnios de viagem”, conta, elogiando o magnitude do complexo hidro-eléctrico localizado no rio Zambeze, na província de Tete (Moçambique), que é o segundo maior de África, construído durante a Guerra Colonial Portuguesa e de Independência Moçambicana.
De Maputo, a expedição Ford Performance Transafricana 2025 seguiu para sul, descendo em direcção à África do Sul e à Cidade do Cabo, em sentido inverso à rota de Vasco da Gama na sua busca pelo caminho marítimo até à Índia.
Daí partiu para norte, novamente até Luanda, onde, com 12.200 quilómetros percorridos, a pickup, que foi especialmente preparada para a expedição, foi revista e reforçada para a terceira etapa até Leiria que conta com 13.800 quilómetros.
O trajecto, diz, é duro e há que ter cautela para não conduzir em zonas menos seguras após o pôr-do-sol, o que obriga a começar as etapas muito cedo, por vezes, por volta das 4:30 horas.
No dia em que o JORNAL DE LEIRIA falou com o empresário, este tinha conduzido mais de 900 quilómetros. No dia anterior, apenas tinha conseguido percorrer 150. “Viajar em África é isto mesmo… foi um dia longo e duro”, desabafou. A aventura, a beleza da paisagem e os encontros fortuitos, não obstante, compensam tudo.
No Congo, ao atravessar a linha do Equador, cumpriu o sonho de ver, na selva, em estado selvagem, um gorila. “África ensina a não contar o tempo e nela também se aprende a esperar que chegue o tempo”, uma frase que, não sendo da sua autoria, foi apadrinhada por pai e filha, nesta aventura.
Pode seguir o dia-a-dia desta expedição aqui.