Viver
Em Leiria, um castelo como uma Ágora do agora, para o diálogo, para a criação e para as artes
Música, artes performativas, instalações artísticas e uma fruição e reflexão do património (i)material da antiga fortaleza medieval
“Quem tem pedras para construir um castelo, também tem para criar pontes.”
A frase é de Gui Garrido, curador do projecto Ágora, da CCER Mais - Cooperativa para a Criação e Promoção Cultural, Educacional, Marketing e Intervenção Social que “ocupa” – e a utilização deste verbo não é inocente - o Castelo de Leiria este domingo, dia 6.
O Ágora, apresenta-se com uma programação assente em três linhas principais: instalações umbilicalmente ligadas à media art, música e artes performativas de índole mais juvenil.
O nome evocativo da praça pública da acrópole, onde se discutiam as principais ideias para a governação da polis, na antiguidade grega, e de uma concepção de tempo marcada pelo “agora”, coloca-nos uma pergunta inquietante, qual peixe torpedo socrático: “como se torna um sítio que, durante mais de cinco mil anos, primou por ser inacessível, num local acessível, de enamoramento e de ficção?”
Acastelar o pensamento, na “acrópole de Leiria, pode ajudar à resposta, ao prestar-se uma homenagem, em simultâneo, à fundação da comunidade, assente na pedra, naquela que também serve para construir pontes e tornar acessível o inalcançável.
A música, artes performativas, instalações artísticas e uma fruição e reflexão do património (i)material da antiga fortaleza medieval apresentam-se como a luz do farol que indica o caminho.
Durante o Ágora, levar-se-á à discussão e exibir-se-ão as sensibilidades de uma programação multidisciplinar, com artistas cujos nomes, raramente, se equacionariam para um castelo, sítio que, em Leiria, normalmente serve de mostruário ou de varanda para a paisagem.
“Destacamos uma ideia de passado/castelo, presente/ Ágora/agora e de futuro. Domingo, com as Adufeiras de Idanha-a-Nova, encontramos uma travessia de gerações que junta avó, filha e neta, às 18:30 horas”, avança Gui Garrido, destacando uma abordagem do amanhã construído, ontem, com a actuação de Pedro Mafama.
O presente pode encontrar-se num “amassar de pão acústico” de Fado Bicha, que junta o fado a outras sonoridades e que tem passagem programada pelo Ágora até Outubro.
Ao todo, serão três fins-de-semana de programação multidisciplinar que dialoga com um dos ícones do património histórico-cultural de Leiria.
Entre Agosto e Outubro, no castelo, haverá, ainda, concertos de A Garota Não, Orquestra Sem Fronteiras ou Panda Bear & Sonic Boom.
Entre as propostas para os mais novos acontecerão os espectáculos Mão Verde, de Capicua, Antiprincesas - Clarice Lispector, de Cláudia Gaiolas, As Árvores não têm pernas para Andar, de Joana Gama, ou A Tristeza já me deu muitas alegrias, de Mia Tomé e de Noiserv.
A instalação artística ficará a cargo de Filipe Baptista e Lua Carreira, que transformarão as cisternas do castelo, numa experiência de imersão e de interactividade ímpares.
Filipe Baptista - A.T.M.A._0.9 - Instalação
Teatro Infanto-Juvenil Antiprincesas