Sociedade

Exposição evoca Serafim Lopes Pereira, que foi médico em Leiria e opositor à ditadura

30 mar 2024 09:00

Natural de Mortágua, radicou-se em Leiria, onde fundou a Casa de Saúde. Destacou-se também pelas acções de oposição ao regime, tendo sido preso e deportado para Timor

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Foto da exposição “Da Beira Alta a Leiria e a Timor – O destino da coragem", onde Serafim Lopes Pereira aparece ao lado de Humberto Delgado

“Da Beira Alta a Leiria e a Timor – O destino da coragem é o título da exposição, a inaugurar este sábado, pelas 16 horas, que presta homenagem ao Serafim Lopes Pereira, médico e opositor à ditadura, que esteve deportado em Timor.

A mostra integra o programa das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e vai ficar patente no Centro Cultural Mercado de Sant'Ana, até ao dia 30 de Abril. Segundo uma nota de imprensa da organização, a exposição “é constituída por um relevante acervo fotográfico da deportação política em Timor” e revela “uma das facetas repressivas da ditadura mais impressionantes, a da deportação”.

Entre os opositores ao regime deportados para Timor esteve Serafim Lopes Pereira, natural de Mortágua, que se instalou-se em Leiria, em 1925, como médico do Hospital da Misericórdia D. Manuel de Aguiar, onde foi responsável pelas áreas da radiologia e doenças pulmonares.

Republicano convicto, ainda como estudante na Universidade de Coimbra fez parte do designado Batalhão Académico, que enfrentou a “Traulitânia”, a efémera ‘Monarquia do Norte”, que, em 1919, depois do atentado contra Sidónio Pais, tentou restaurar o regime monárquico.

Após a instalação da ditadura, em 1926, Serafim Lopes Pereira assumiu um combate mais incisivo na oposição ao regime. Em 1931, com pretexto de ter dado guarida ao irmão, procurado pela ditadura militar, foi demitido, preso e levado para o Aljube. Acabou deportado para a ilha de Ataúro, em Timor, com o irmão, onde permaneceu meio ano.

Cumprido o cárcere, regressou a Leiria, mas não foi readmitido no hospital. Acabou por fundar a Casa de Saúde, nos anos 40, e manteve o seu consultório, no Largo de Santana, dedicando-se, sobretudo, às doenças do foro pulmonar. “Ao seu consultório acorriam pessoas de todos os estratos sociais”, realça a nota de imprensa de apresentação da exposição.

Manteve-se como opositor ao regime. Nas eleiçoes presidenciais de 1958 apoiou a candidatura do general Humberto Delgado, ao lado de quem aparece na fotografia acima na visita a Leiria do 'General sem medo' a 25 de Maio de 1958.