Sociedade
Funeral de Jaime Costa realiza-se esta terça-feira na Gândara dos Olivais
Jaime Costa destacou-se na Paradise e esteve também ligado à discoteca do hotel Eurosol e aos projectos Xanax e Beat
O funeral de Jaime Costa, 62 anos, pioneiro da noite em Leiria e DJ em espaços emblemáticos da cidade, realiza-se esta terça-feira, 15 de Novembro, pelas 11 horas, com início na Igreja da Gândara dos Olivais e cortejo fúnebre para o cemitério local.
A trabalhar ultimamente no ramo imobiliário, Jaime Costa continuava a passar som, por exemplo, no espaço Chico Lobo, onde em Setembro decorreu a festa Vinyl – The Beginners, com alguns dos primeiros DJ's de Leiria, que começaram nas décadas de 70 e 80.
Jaime Costa destacou-se na Paradise e esteve também ligado à discoteca do hotel Eurosol e aos projectos Xanax e Beat.
“Foi o primeiro DJ da discoteca Paradise e trabalhou em todas as casas dos anos 80, antes do Eurosol”, conta o músico Victor Sérgio, de quem era amigo.
“Figura importante” na noite de Leiria, durante anos, tinha “um excelente coração” e “um sentido de humor fantástico”, comenta Victor Sérgio, que dá como exemplo a personagem criada por Jaime Costa no Facebook, com o nome Adalberto Cesariano Lacunas.
Quando as discotecas se tornaram novidade e agitaram a monotonia das horas tardias na província, Jaime Costa estava na linha da frente, na transição dos anos 70 para os anos 80, nos primeiros momentos do Portugal democrático e livre.
“Andámos juntos no colégio da Cruz da Areia e fomos juntos para a tropa. E depois acabámos por pôr música no mesmo tempo, ele num sítio e eu noutro, comecei antes dele e acabámos por ser contemporâneos”, adianta Álvaro Pereira, um dos DJ's que participaram no evento Vinyl – The Beginners, em Setembro, no Chico Lobo.
“O pai do Jaime era músico e o Jaime sempre esteve ligado a várias bandas, gostava de cantar e de tocar”, acrescenta. É assim que se torna vocalista nos Gerador, colectivo que ao fim de várias décadas se havia voltado a reunir.
Nas redes sociais, são vários os que apontam Jaime Costa como referência no ofício de trocar discos. Nomeadamente, devido ao hábito de cortar o tema antes do fim. “Acabou por me influenciar”, reconhece Jorge Vaz Dias (DJ Cuts) ao JORNAL DE LEIRIA.
“Era polémico”, mas “criava emoções nas pessoas” e “leva o prémio porque era genuíno”, acrescenta.
As sextas-feiras no Xanax eram, segundo Jorge Dias, “uma loucura” e “o reino do Jaime”, que não tinha papas na língua. Se a polícia fechava a sessão às tantas da manhã, não se ficava e dizia aos clientes: “Vocês têm a cidade que merecem”.
“Os meus DJ sets foram construídos na base de inspiração do Jaime. Passou músicas de forma irreverente, pois queria dar a conhecer e partilhar a melhor música, a música que apreciava profundamente”, escreveu outro amigo, Vasco Noronha, nas redes sociais. “Falar do Jaime é recordar o rock progressivo de finais de 60 e década de 70, é conhecer as obras dos Genesis, de King Crimson, Rush, Pink Floyd, Yes, entre tantas, tantas outras”.
“É um nome de cartaz, público, uma das pessoas mais importantes na animação da nossa geração. O Jaime é notícia porque partilhou o que mais gostava com os outros, uniu as pessoas que o ouviam, arrastava-as, e onde passava deixava marcas fantásticas, deixava muitos amigos que se tornavam fãs”, conclui.