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Jovens da Palestina em Leiria para narrar infâncias roubadas pela guerra

17 set 2025 14:05

Teatro Miguel Franco recebe o espectáculo do colectivo The Freedom Theatre nesta sexta-feira

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“Não é apenas uma peça de teatro, é o testemunho vivo de uma geração”
DR

Durante a performance, escuta-se um grupo de jovens entre os 14 e os 16 anos do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia. Narram o medo e o perigo que espreitam sob a ocupação militar por Israel, lê-se na nota de divulgação. “Infâncias roubadas – onde os sonhos morrem antes de crescer, a escola torna-se uma interrogação, brincar é um risco e onde a própria vida se transforma numa penosa sala de espera para a morte”.

15 and 16 Years Old — Stories of Children Who Never Grow Up, que tem o conflito na Palestina como pano de fundo, tem apresentação em Leiria na próxima sexta-feira, 19 de Setembro, no Teatro Miguel Franco, com início às 21 horas.

Com encenação de Mahmoud Aita, o espectáculo é interpretado por Aws Abu Aita, Mohammed Toobasi, Mohammed Abu Alhayjaa, Nadim Lahlouh e Tareq Alhassan.

A receita de bilheteira reverte para cobrir a digressão em Portugal e apoiar The Freedom Theatre, “que desde Janeiro deste ano ficou sem espaço físico, transformado em base militar após a ocupação e evacuação” do campo de refugiados de Jenin, explica nas redes sociais a fotógrafa e realizadora Diana Antunes, natural do concelho de Pombal, que tem acompanhado o colectivo, na Palestina.

“Esta vinda a Portugal permitirá ao grupo não apenas partilhar a sua realidade, mas também viver experiências até hoje negadas, como a de ver o mar, que apesar de estar a apenas 60 quilómetros de distância, lhes foi sempre inacessível devido às fronteiras impostas pela ocupação”, escreve Diana Antunes.

15, 16 Years Old “não é apenas uma peça de teatro, é o testemunho vivo de uma geração obrigada a enfrentar a vida e a morte no próprio florescer da juventude”, pode ler-se na conta do evento no Instagram. Baseia-se “em testemunhos reais e experiências vividas” e “transforma o medo, o luto e a violência quotidiana num acto colectivo de arte através do movimento, da improvisação e da palavra partilhada”.

“Num lugar onde quase 90% das famílias perderam pelo menos uma criança às balas do exército israelita, a ausência deixou de ser excepção: tornou-se rotina. Crescer, em Jenin, é aprender a viver sob a sombra constante da morte”, é referido no mesmo texto. “A infância, aqui, é assassinada a sangue-frio. E, ainda assim, da escuridão nasce resistência”.

Depois de Coimbra, o espectáculo vai circular por Coimbra, Porto e Lisboa.