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Leiria Film Fest: 15 estreias nacionais entre curtas de todos os continentes
O festival de cinema começa esta quarta-feira e prolonga-se até domingo
Um país entre a guerra e o desejo de viver, toques de recolher obrigatório e festas de música techno. O país é a Ucrânia e o filme – The People Who Keep Living, de Kate Tiuri – tem estreia mundial no Leiria Film Fest, já esta quarta-feira, 8 de Maio, durante a primeira sessão competitiva do festival de curtas-metragens, com início às 21 horas, no Teatro Miguel Franco.
Além do ponto de vista assinado por Kate Tiuri, proveniente da Ucrânia, na selecção oficial para 2024 há cineastas da Rússia e de Israel, que a organização e o júri optam por não entregar a boicotes, ao contrário do que tem acontecido noutros eventos culturais e desportivos. “Achamos que a arte não deve ser politizada e não serão os autores destas obras os culpados por aquilo que está a acontecer”, comenta Bruno Carnide, co-fundador e co-programador do Leiria Film Fest.
Deadline, de Idan Gilboa (Israel), passa logo na primeira sessão competitiva, com The People Who Keep Living, Things Unheard Of (de Ramazan Kilic, Turquia) e Eldorado (de Mathieu Volpe, Itália, estreia nacional). Thirty Seconds, de Ivan Sosnin (Rússia), consta no alinhamento da noite seguinte.
Ainda no arranque, quarta-feira, a segunda sessão competitiva, a começar às 22:30 horas, oferece Split Leap (de Vasco Viana, Portugal e República Checa, estreia nacional), Blue (de Weronika Szyma, Polónia, estreia nacional), A Good Boy (de Paul Vincent de Lestrade, França e Bélgica, estreia nacional) e Under One Roof (de Yu Wang, França).
Nomeados aos Prémios Sophia
Sempre com entrada gratuita, no 11.º Leiria Film Fest as nove sessões competitivas incluem 15 estreias nos ecrãs portugueses, um “factor de diferenciação”, acredita Bruno Carnide, porque “algum do público não vem só a Leiria, também frequenta outros festivais”. Nas 38 curtas da selecção oficial estão representados 20 países e, pela primeira vez, todos os continentes. “Temos conseguido cada vez mais abrir a perspectiva”.
No grande leque de temas que competem nas categorias de animação, ficção, documentário e filmes para crianças, destacam-se, segundo Bruno Carnide, “as questões da liberdade”.
Sopa Fria (de Marta Monteiro), As Gaivotas Cortam o Céu (de Mariana Bártolo e Guillermo García López) e Ana Morphose (de João Rodrigues), que se podem ver em Leiria a 9 de Maio (o primeiro) e 10 de Maio (os outros dois), receberam indicação para os Prémios Sophia 2024, atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema e considerados os “óscares” portugueses. Das 12 curtas nomeadas para os Prémios Sophia 2024, há ainda outras duas no programa do Leiria Film Fest em 2024: 2720 (de Basil da Cunha) e Corpos Cintilantes (de Inês Teixeira, filmada em Leiria), estas na sessão especial Cinemax RTP – Entre Muros (11 de Maio).
Ao longo de cinco dias, de 8 a 12 de Maio, considerando também as sessões não competitivas – sessões para escolas do concelho de Leiria do pré-escolar ao terceiro ciclo, sessão para famílias, a sessão especial Cinemax e a sessão de filmes de estudantes do Politécnico de Leiria – o 11.º Leiria Film Fest reúne 62 filmes. O festival decorre maioritariamente no Teatro Miguel Franco, mas com actividades no m|i|mo – museu da imagem em movimento (por exemplo, a oficina de animação para crianças, sujeita a inscrição) e no Mercado de Sant’Ana (leitura de palmarés).
Na lista de mais de 400 submissões, surgiram trabalhos feitos com recurso ou apoio de ferramentas de inteligência artificial, que a organização não aceitou, por considerar que não se enquadravam na programação desejada.