Sociedade
Linha do Oeste teve 79 comboios suprimidos em Dezembro
Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste considera urgente a adopção de medidas para travar a falta de comboios
A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPLO) considera urgente a adopção de um plano de contingência para este troço ferroviário, que no mês de Dezembro teve 79 comboios suprimidos.
Os “atrasos e supressões de comboios nas ligações ferroviárias, em dias sucessivos, devido à falta de material circulante” foram denunciados pela CPLO num comunicado em que dá nota de que entre os dias 4 e 28 deste mês “foram suprimidos um total de 79 comboios nos troços Santa Apolónia-Caldas da Rainha e Caldas da Rainha-Coimbra-B”.
No texto, a CPLO avança o exemplo do dia 26 de Dezembro, em que “foram suprimidas quatro ligações, no troço Santa Apolónia-Caldas da Rainha, todas em final do dia, quando se efetua o regresso dos utentes, muitos deles depois de um dia de trabalho”.
Segundo a comissão, esta supressão foi feita “sem qualquer transporte alternativo facultado pela CP [Comboios de Portugal], revelando uma manifesta falta de respeito pelos passageiros”.
A CPLO afirma que “apesar de serem necessárias, no mínimo, cinco composições para servir toda a Linha do Oeste, nas últimas semanas só estiveram a circular nalguns dos dias duas composições, obrigando à supressão de diversas ligações num e noutro sentido”.
A situação “é de tal forma grave que a CP já não arrisca vender bilhetes de grupo, na Linha do Oeste, face à imprevisibilidade na garantia do serviço, numa atitude de manifesta demissão para a resolução do problema com que está confrontada”, acusa a comissão, acrescentando ter “alertado oportunamente” que a substituição do material circulante em serviço por comboios novos “deveria ser efectuada, aproveitando o período de tempo definido para as obras de modernização” da linha.
Em causa está o projecto de modernização da Linha do Oeste (Sintra-Figueira da Foz), dividido em duas empreitadas, sendo a primeira a de electrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças e Torres Vedras, num investimento de 61,7 milhões de euros.
A segunda consiste na modernização e electrificação do troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, orçada em 40 milhões de euros.
As obras “estão a prolongar-se por um período de tempo muito superior ao inicialmente planificado e as perspectivas de entrada em circulação das novas composições continuam a ser uma incerteza”, pode ler-se no comunicado, em que a CPLO defende que “as composições híbridas, se já estivessem fabricadas e certificadas, já poderiam estar a circular na Linha do Oeste, mesmo sem a electrificação pronta”.
A comissão considera “urgente a adpoção de medidas que dêem resposta, ainda que provisória, a este grave problema que se verifica na Linha do Oeste e que terá tendência a agravar-se em 2026, exigindo ao Governo e à CP que adoptem um plano de contingência que supere as actuais dificuldades de falta de comboios”.
A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da CP e da Infraestruturas de Portugal, mas não obteve respostas.