Economia
"Lusiaves não teve vontade firme e genuína de investir nestes territórios”, diz autarca de Figueiró dos Vinhos
Jorge Abreu responde ao grupo económico que avançou com problemas com PDM para justificar cancelamento de investimento de 64 milhões
A Câmara de Figueiró dos Vinhos rejeita que o Plano Director Municipal (PDM) tenha inviabilizado o investimento do Grupo Lusiaves no concelho, anunciado na sequência dos incêndios de Junho de 2017 que eclodiram em Pedrógão Grande.
“Infelizmente, é sem surpresa que recebemos essa notícia. No caso concreto de Figueiró dos Vinhos, não foi, com toda a certeza, nenhuma questão relacionada com o PDM que inviabilizou o investimento neste concelho”, disse o presidente do Município, Jorge Abreu.
Fonte da empresa explicou, na quarta-feira, que, “na sequência da celebração do Memorando de Entendimento onde o Grupo Lusiaves demonstrou disponibilidade para construir unidades de produção nas zonas afectadas pelos incêndios durante o Verão de 2017, nomeadamente em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, foram identificados, em cada um daqueles concelhos, vários terrenos que o Grupo Lusiaves considerou terem as características adequadas à instalação daquelas unidades”.
A mesma fonte adiantou que, “devido a não terem sido afastados os constrangimentos em matéria de ordenamento do território que existiam para aqueles terrenos, nomeadamente no que respeita aos PDM e aos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios, o Grupo teve de procurar localizações alternativas onde pudesse realizar aqueles investimentos”, tendo sido “identificados terrenos com potencial para tal em Oleiros, Proença-a-Nova [ambos distrito de Castelo Branco] e Góis [Coimbra]”.
Em declarações à agência Lusa, Jorge Abreu salientou que “o apoio do Município foi total e os terrenos apresentados e a sua localização ofereciam todas as condições necessárias ao investimento”, assinalando que, “nesses mesmos terrenos, está hoje em fase de conclusão um investimento industrial, de capital estrangeiro, que corresponde ao maior investimento privado de sempre neste concelho”.
“Perante os factos, só podemos concluir que aquilo que era uma percepção nossa, na realidade, veio a revelar-se um facto, a Lusiaves não teve uma vontade firme e genuína de investir nestes territórios”, considerou o autarca.
Os incêndios que deflagraram em junho de 2017 em Pedrógão Grande e que alastraram a concelhos vizinhos, sobretudo Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos a 253 populares, sete dos quais graves.
Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas. Dois meses depois dos incêndios, a Lusiaves anunciou que iria investir 64 milhões de euros naqueles três concelhos, criando ao todo 300 postos de trabalho, na produção de ovos para incubação e aves.
No mesmo ano, em dezembro, a empresa informou que iria investir nos concelhos de Góis, Oleiros e Proença-a-Nova, que também foram afetados pelos incêndios de Pedrógão Grande.
Segundo fonte da empresa, “já se iniciaram as obras no concelho de Oleiros para a instalação de uma nova unidade do Grupo, estando ainda em curso diligências nos outros dois concelhos que permitam idêntico resultado”.
“Não obstante a enorme burocracia e morosidade destes processos, o Grupo esclarece que mantém o interesse em todos os projetos [Oleiros, Proença-a-Nova e Góis] e está activamente a desenvolver as acções necessárias que dependem de si para a implementação dos mesmos com a maior brevidade”, acrescentou.
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