Sociedade

Professores concentram-se à porta da Câmara de Leiria em protesto

12 dez 2022 19:39

Docentes de várias escolas de Leiria contra as responsabilidades das autarquias na educação

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Professores estão em greve por tempo indeterminado
Ricardo Graça

Cerca de meia centena de professores concentraram-se hoje à porta da Câmara Municipal de Leiria em defesa de melhores condições para os alunos e contra as responsabilidades que as autarquias terão com as novas competências na educação.

Na concentração, debaixo de chuva, os professores colocados nas várias escolas públicas do concelho de Leiria, os docentes exibiram várias mensagens, onde assumem estar em luta.

"Em defesa da escola pública", "respeito", "em luta e em luto", "pela educação de qualidade e para todos" foram algumas das mensagens apresentadas sob o apoio de alguns automobilistas que passavam e buzinavam, mostrando estar ao lado dos docentes.

Orlando Pereira, professor no Agrupamento de Escolas de Colmeias, revela que hoje só quatro salas funcionaram na escola-sede durante a manhã e na sexta-feira não houve aulas. 

No 1.º ciclo também houve interrupções lectivas, adianta, ao referir que os docentes estão em greve por tempo indeterminado porque querem "ser ouvidos".

"Vemos um projecto de municipalização, no qual os directores colocam os professores como quiserem. Na Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria há hipótese de existir um conselho de directores, que podem colocar os docentes pelas diferentes escolas dos concelhos que integram a CIMRL. Isso não dá estabilidade", afirmou Orlando Pereira.

Para o docente, é tempo de "terminar com os testes constantes na educação", pois "quem sofre são os alunos".

"Congelaram as nossas carreiras. Além do aumento do salário, queremos também a contagem de todo o tempo de serviço docente e o acesso ao 5.º e 7.º escalões sem quotas", acrescenta o docente.

A greve convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P) no dia 9, por tempo indeterminado é “um sinal contra as políticas de quem tem destruído a escola pública e as condições de quem trabalha”, referiu o presidente do S.T.O.P à Lusa.Psicólogos em luta

Na concentração de hoje estava também, pelo menos, uma psicóloga que quis mostrar o apoio aos docentes, mas assumiu que a sua classe tem também "feridas próprias".
"Somos poucos, muitos de nós estão longe de casa e o Governo não nos permite aproximar. Não estamos a conseguir ter direito à consolidação da mobilidade geográfica", adiantou Catarina Pedro ao JORNAL DE LEIRIA.
A viver em Leiria, a psicóloga escolar conseguiu ficar 18 meses no Agrupamento de Escolas da Guia, em Pombal. "A mobilidade é por 18 meses, findo os quais tenho de voltar à escola onde efectivei, em Rio Maior. Tenho um filho pequeno não conseguirei ir levá-lo ou buscar", acrescentou.
Segundo Catarina Pedro, muitos psicólogos estão a deixar o Ministério da Educação por impossibilidade de conciliarem a vida profissional com a pessoal.
A psicóloga salientou ainda que o problema passa-se também com outros técnicos escolares como terapeutas da fala, interpretes de Língua Gestual ou assistentes sociais.