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Reinaldo Oudinot: o engenheiro francês que inventou o rio Lis

8 set 2016 00:00

O legado do militar especialista em hidráulica, responsável pela fixação da foz na praia da Vieira, está a ser lembrado em Lisboa.

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Quando Reinaldo Oudinot chega a Leiria, o Lis desagua três quilómetros a sul da foz actual. É o militar nascido em França que inventa o rio como hoje o conhecemos – e pelos bons serviços prestados à Real Casa do Infantado recebe como pagamento a quinta da Ponte da Pedra, onde muitos anos mais tarde viria a surgir a povoação com o mesmo nome, na zona de Regueira de Pontes. Transforma-se no engenheiro com melhor conhecimento dos rios e da costa portuguesa e é chamado pela coroa para as mais difíceis comissões hidráulicas. Um legado que a Sociedade de Geografia de Lisboa recorda agora, durante o congresso internacional a decorrer até sexta-feira, dia 9, que assinala os 250 anos do destacamento de Oudinot para Portugal.

Organizado, metódico, rigoroso, Reinaldo Oudinot demonstra "grande preocupação com o serviço público" e "vem trazer perspectivas e contributos novos" quando se instala por cá, considera o investigador Fernando Larcher, que é descendente do brigadeiro originário da região de Lorena.  Escrevia um português "impecável, literário" e, nos documentos da época, "há sempre grandes elogios à sua personalidade, saber e seriedade".

Se é em Leiria que dirige a primeira grande encomenda da carreira, e desenvolve estudos e propostas sobre o Pinhal de Leiria, também o Porto, Aveiro e Funchal são cidades onde a ambição dos projectos de Reinaldo Oudinot se pressente. "Deixou uma obra vastíssima, não só no campo da hidráulica. Dedicou-se também à arquitectura e elaborou um plano de reordenamento florestal do país", salienta Fernando Larcher.

Na verdade, o militar de engenharia francês "conhece muito bem as questões hidráulicas" em Portugal e "todos os grandes problemas vão ser tratados por ele". Membro da comissão organizadora do congresso na Sociedade de Geografia de Lisboa, Fernando Larcher acredita que Reinaldo Oudinot merece ser estudado porque obteve "soluções que provam ser eficazes na época e ao longo do tempo", logo, é importante "não só do ponto de vista histórico, como actual". E, nesse sentido, "a obra dele continua viva".

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