Sociedade
Será desta que Leiria vai ganhar novas zonas pedonais?
O peão é a grande prioridade do plano de circulação que está a ser preparado para a cidade, que prevê grandes áreas pedonais. A grande questão é saber se as propostas vingarão perante a contestação que se avizinha
Pelo que se vai conhecendo do Plano de Mobilidade e Trânsito de Leiria, que deverá ficar concluído nos próximos meses, vem aí uma revolução na circulação da cidade.
Entre as propostas contidas no documento, que a câmara assegura que “não é fechado”, está a pedonalização total do Largo da República e de mais de 70% da Avenida Heróis de Angola e o condicionamento do trânsito no centro histórico apenas a residentes e a cargas e descargas.
A avaliar pelo que aconteceu no passado recente, as medidas irão, certamente, levantar muita contestação. Foi assim quando, há cerca de 15 anos, a câmara decidiu retirar os automóveis da Praça Rodrigues Lobo ou com as tentativas feitas, ao longo dos últimos anos, para fechar a 'rua Direita' ao tráfego, que, face à polémica gerada, acabaram sempre por não avançar.
E, assim, Leiria foi passando ao lado de uma tendência que se tem afirmado um pouco por todo o País e pela Europa, com o crescimento das zonas pedonais, libertas de carros e onde os peões e, em alguns casos, a bicicleta, desempenham o papel principal.
Lino Pereira, vereador do Trânsito, está consciente das dificuldades e das resistências ao processo de inversão da situação actual, mas acredita que os obstáculos serão ultrapassados. “O paradigma da cidade vai ter de mudar”, afirma o autarca, para quem há duas formas de encarar questão: “Ou queremos uma cidade com melhor qualidade de vida, com boa qualidade do ar, mais segura, com passeios libertos de carros, com circuitos de mobilidade bem definidos, ou não queremos. Se queremos, não podemos ter medo de decidir”.
O vereador explica que o plano de mobilidade, que “tem vindo a ser analisado em reuniões com a Acilis, Adlei e Comissão Municipal de Trânsito e Mobilidade”, apresenta propostas com uma orientação “muito clara”, que passa por dar “prioridade ao peão”, depois aos modos suaves de circulação, como a bicicleta, e aos transportes públicos, em detrimento do automóvel e “prejudicando quem quer fazer atravessamento da cidade”.
Na teoria, o princípio será bom, mas os críticos do plano lamentam que as soluções até agora conhecidas venham prejudicar quem reside na cidade e precisa, em muitas circunstâncias, de a atravessar. Até porque, alegam os contestatários, a actual resposta dos transportes públicos ainda deixa muito a desejar.
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