Viver
Te-Ato: dos Murmúrios do Confinamento à Sinopse
Festival | Grupo de Teatro de Leiria volta-se para o online
Entre 19 de Abril e 14 de Maio, se a pandemia o permitir, o Te-Ato, Grupo de Teatro de Leiria organiza a 8.ª Sinopse - Festival de Teatro Actor João Moital, com a presença de alguns dos mais promissores colectivos teatrais portugueses.
O objectivo é o de dar a conhecer novas abordagens e linguagens da dramaturgia nacional.
Mas já lá vamos, porque, enquanto não se dá o desconfinamento, o colectivo de Leiria colocou de pé um programa que junta palavra, poesia e uma abordagem teatral, na internet.
Chama-se Murmúrios do Confinamento e chega-nos, via página do Facebook do Te-Ato, pela mão – pena e voz – de Ana Silveira e Pedro Antunes.
A edição é de Miguel Sarreira e a música é de Sílvia T, que aceitou o convite de criar um “tapete musical, para a iniciativa.
“Isto é um ‘ciclozinho de poesia’. Todas as semanas, há um novo poema original declamado pela Ana ou pelo Pedro, que também são os autores dos textos. O primeiro, apresentado no dia 25, pelo Pedro, chama-se Alma. O próximo, cujo título é Corvos, deverá ser publicado esta semana”, conta o vice-presidente do grupo, Miguel Sarreira.
O responsável sublinha que esta foi a maneira que o grupo de teatro de Leiria elegeu para manter uma produção durante a pandemia. Voltemos agora à Sinopse, que tem como linha de base ser uma mostra de “curtas de teatro”.
O festival vai decorrer no Teatro Miguel Franco mas terá uma sessão no Teatro José Lúcio da Silva. Para já, tanto a realização como as datas são provisórias, mas a filosofia mantém-se: há quatro espectáculos principais com outras tantas companhias que se destacam pela qualidade e pelo facto de serem colectivos reconhecidos e emergentes na cena teatral nacional.
“No dia 1 de Maio, reservamos o palco para o João Moital, o actor que dá o nome ao festival. Claro que é uma participação que só poderá acontecer se a ‘santa pandemia’ o permitir”, afirma Miguel Sarreira.
19 Abril . Teatro Miguel Franco Um Artista Vulgar, pelo Teatro do Efémero (Sintra). Autoria de Carolina Figueiredo e encenação de Miguel Moisés
28 Abril . Teatro José Lúcio da Silva Catamarã, pelo Teatro do Eléctrico. Autoria de Ana Lázaro e encenação de Ricardo Neves das Neves
9 Maio . Teatro Miguel Franco Ned Kelly, pelo Teatromosca/Stone Castro. Autoria de Pedro Alves, Paulo Castro e The Legendary Tigerman. Banda Sonora The Legendary Tigerman e encenação de Pedro Alves e Paulo Castro
14 Maio . Teatro Miguel Franco Caminho Marítimo para a Desgraça, pelo DRA/MAT. Autoria e encenação de Hugo Inácio e Telmo Ferreira
No dia seguinte, 2 de Maio, o Te-Ato espera conseguir acertar com um grupo ou companhia da cidade, ou da região uma presença em cena. “É a única parte que ainda não está fechada”, diz o responsável.
Conseguir destacar um grupo em quatro, cuja qualidade e talento são reconhecidos, é uma tarefa impossível, pelo que a alternativa é falar de cada um dos espectáculos. Um Artista Vulgar, peça do Teatro Efémero escolhida para abrir o evento, tem como base de criação o universo existencialista presente na obra de Franz Kakfa, partindo de um texto inspirado nas personagens presentes nas suas várias obras.
No dia 28 de Abril, segue-se Catamarã, um texto infanto-juvenil premiado, da autoria de Ana Lázaro.
Catamarã fala da relação entre um rapaz – o Peixe-Bolha, que está muito zangado com as palavras, e uma rapariga - Catamarã, que sonha, um dia, viajar de barco até ao Pacífico.
A 9 de Maio, passa pelo Miguel Franco uma das mais arrojadas produções presentes no Sinopse, que junta cinema e música. Falamos de Ned Kelly, peça baseada na vida do mais famoso fora-da-lei e anti-herói australiano.
Pelo Teatromosca/Stone Castro, tem autoria de Pedro Alves, Paulo Castro e The Legendary Tigerman e banda sonora deste último.
“Num momento em que proliferam as notícias falsas, lança-se um olhar sobre a ‘transitoriedade’ da História e a ‘frágil autenticidade’ do arquivo, acreditando que legislar a memória histórica não será nunca uma actividade livre de perigos e não sujeita a erros e enganos.”
O encerramento está reservado a um colectivo que esteve no programa da 7.ª edição da Sinopse, mas que não pôde estar presente em 2020, por culpa da “santa Covid”.
O DRA/MAT cumpre o prometido e traz Caminho Marítimo Para a Desgraça.
“Como se sabe, não pode haver tanta fortuna sem haver meia-dúzia de desgraçados. É disto que esta peça fala; daqueles que, através do seu infortúnio, construíram os grandes feitos dos quais ainda hoje nos podemos orgulhar”.
Os dados estão lançados, agora só falta a pandemia permitir que a cultura volte aos palcos e o público às salas.