Opinião

Oh, malvado preconceito!

25 nov 2023 10:32

A propósito de preconceito, alguém me sabe explicar o que se passa com o Ministério Público?  

Apesar do inconcebível comportamento do Ministério Público me causar uma enorme preocupação e de um estúpido vírus me ter atacado e de me obrigar a lembrar que sou feita de ossos e músculos, na sexta-feira passada tive um dia fantástico! Uma reunião com amigos vindos dos tempos do meu “liceu”, pôs-me a almoçar um delicioso guisado de javali com castanhas acompanhado, por entre outras iguarias da terra, de saborosas e divertidas recordações.

Mas não nos ficámos por aí. Adeptos da definição “carlrogeriana” de amizade, aceitamos cada um como realmente ele é e vai daí, apesar de sermos pessoas com ideais políticos completamente diferentes, mostramo-nos capazes de discutir assuntos da atualidade sem nos magoarmos, isto é, comunicamos os nossos argumentos sem nos assumirmos como os donos da verdade!  

E foi neste contexto que um desses amigos, bastante conhecedor da sociedade de Israel, me contou que o preconceito que muitos judeus têm dos palestinianos se assemelha ao preconceito que no nosso País muitos têm em relação às pessoas de etnia cigana. Consideram que todos os palestinianos vivem à custa de subsídios porque são pessoas preguiçosas e de má índole e como ninguém os quer nas suas terras distribuem-lhes verbas para que fiquem lá, no seu canto. E a conversa continuou dizendo-me esse meu amigo, numa tentativa de serenar as minhas inquietações que, quando esta guerra terminar, Netanyahu será afastado do poder uma vez que Israel é uma democracia!

Nada satisfeita com estas suas considerações recordei-lhe as consequências de aceitarmos basear a nossa conceção de justiça em preconceitos, intencionalmente, postos a circular por alguém para satisfazer objetivos ocultos. Recordei-lhe que na Alemanha Martinho Lutero dizia que os judeus nada mais eram do que ladrões usurários que nada usavam que não tivesse sido roubado aos outros e que por tal deveriam ser expulsos do país.

Recordei-lhe também que foi nessa mesma Alemanha que desse preconceito já cabeludo Hitler se apropriou para, rapidamente, convencer uma nação a passar da expulsão à tentativa de extermínio dos judeus! E convenhamos, tal como nessa altura o desaparecimento de Hitler não ressuscitou nenhuma das pessoas mortas no Holocausto, também agora o destino do assassino o mesmo fará.

Contudo, há uma enorme diferença: nos dias de hoje, a humanidade inteira, nações e estados veem, em direto, os crimes de Netanyahu e se nada fizerem como poderão vir a achar-se não tão criminosos quanto ele. E sobre o tema, assumindo ambos que o preconceito tem muito que se lhe diga, a nossa conversa estava a acabar quando a nós se juntou uma amiga e de rajada nos perguntou: - A propósito de preconceito, alguém me sabe explicar o que se passa com o Ministério Público?