Opinião
Resiliência ou resistência?
No seu relatório, ACS é frequentemente crítico com a Administração Pública:
A apresentação da “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, de António Costa Silva (ACS), foi apresentada em 15/9 último e aprovada em Conselho de Ministros dois dias depois.
Como que por magia, a Visão Estratégica passa a “Programa de Recuperação e Resiliência” que será apresentado publicamente em 14/10, na véspera de ser entregue à Comissão Europeia, para disponibilizar a “massa”.
Pelo meio, o PM reuniu com os partidos com assento parlamentar, parceiros sociais, comunicação social e sabe-se lá quem mais. Faz lembrar Guterres a quem alguém chamou “picareta falante” Pois A. Costa, seu discípulo dileto, ultrapassou-o no diálogo: reunião aqui, blá-blá ali, e nisto os graves problemas continuam por resolver…
Na finalização do seu documento e nas apresentações públicas que foi fazendo, ACS divulgou que tinha recebido em Agosto 1153 novas propostas, das quais não terá aproveitado uma dúzia.
ACS “chuta” o custo da recuperação para o governo: “um país altamente tecnológico, amigo do ambiente e das empresas, em que nada se perde e tudo se transforma.”
ACS deu a receita para a recuperação económica na pós-pandemia.
Cabe agora ao governo decidir o que fazer com essa receita (embora eu acredite que não vamos lá com este governo).
No seu relatório, ACS é frequentemente crítico com a Administração Pública: “muito orientada para a emissão de pareceres e pouco orientada para a resolução dos problemas”. Conclui, naturalmente, que temos que mudar essa “cultura” de resistir às coisas, porque o vencimento está garantido.
Eu diria que devíamos estender esta filosofia a ministros, deputados, autarcas, magistrados, etc.
Na minha experiência de consultor, antes e depois do 25 de Abril, participei em diversos estudos e deparava-me, geralmente, com a hostilidade da Função Pública.
Refiro apenas um caso entre muitos.
Foi nos Açores e tratava-se de definir o binómio “leite-carne” da região, logo a seguir ao 25 de Abril.
Estava o estudo a meio e os funcionários de um partido dominante do então recémcriado Ministério da Agricultura protestaram junto do ministro, dizendo que tinham capacidade disponível para fazer o estudo, com poupança para o país.
O estudo foi então à vida e, até hoje, ninguém mais deu uma mão aos produtores leiteiros açorianos, a braços com problemas de sanidade e de produtividade. Nota: Decorre no próximo dia 13 a eleição directa (?) dos presidentes das Comissões de Coordenação (CCDR).
Para a do Centro, erradamente em Coimbra, candidatase a Drª Isabel Damasceno, que todos em Leiria bem conhecem, e por quem nutro a maior estima e consideração.
Já se sabe que desde sempre fui contra regionalizações, muito menos envergonhadas, como esta.
Não posso votar na Drª Isabel, porque não sou autarca nem resido aí.
Mas acho que é a pessoa certa para o lugar certo. Parabéns antecipados Drª Isabel, porque vai ganhar.
E mude o seu escritório para Leiria, o centro de gravidade económica da região. Aveiro é Porto e Coimbra não é mais que um cluster de saúde.
O resto é conversa.