Sociedade
Campo de Orquídeas Silvestres, um livro para conhecer as raridades do PNSAC
Trabalho de cinco anos para dar a conhecer as preciosidades naturais da serra
As orquídeas silvestres são uma das espécies de flora que fazem do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) um tesouro nacional e uma das muitas razões para visitar esta área protegida.
Actualmente, estão ali referenciadas 30 espécies, cerca de metade do total conhecido no País, sem contar com as variações e as subespécies.
Para as conhecer a todas, há agora um novo livro, profusamente ilustrado com fotografias e explicações sobre cada uma destas raridades.
Aire e Candeeiros – Campo de Orquídeas Silvestres é da autoria de Luís Afonso, um apaixonado pelo PNSAC e fotógrafo de natureza, que assina a maioria dos textos e a totalidade das fotografias.
O autor sublinha que não se deve ler esta obra como se fosse “um guia ou um manual técnico”, mas que devemos deixá-lo entrar em nós, como se fosse uma “espécie de romance”.
“Não sou biólogo, sou fotógrafo e o meu livro pode ser lido como uma ‘crónica’. Conta com mais de 100 fotografias”, explica.
O trabalho de campo teve início há cinco anos, numa parceria com Samuel da Costa, outro apaixonado pela serra e por todos os temas relacionados com ela e com os frágeis ecossistemas que ali existem.
O livro, que será lançado em Dezembro, está dividido em vários capítulos sobre o território. No primeiro, da autoria do arquitecto paisagista e antigo vigilante da natureza Fernando Faria Pereira, é realizado um enquadramento geográfico e cultural da zona protegida das Serras de Aire e Candeeiros.
Depois, há outro sobre as orquídeas silvestres com referências sobre as diversas espécies e subespécies.
“Refiro, igualmente, o aspecto cultural e a relação sentimental que leva à existência de tantas paixões à volta destas flores”, declara Luís Afonso.
A terceira parte do volume faz uma descrição de todas as orquídeas existentes no PNSAC.
“É uma viagem ao longo do ano, pela vida das orquídeas, com fotografias de cada uma delas, porém sem mencionar o local exacto onde se podem encontrar, para as proteger”, refere.
É também por esta razão que existe uma parte da obra que versa sobre a conservação e ameaças para as várias espécies.
“De modo geral, as orquídeas estão desprotegidas no PNSAC, embora sejam um património muito importante. Algumas são do tamanho da cabeça de um dedo mindinho, outras, como a maior espécie que ocorre no parque, tem cerca de 70 centímetros, do caule à eflorescência”, descreve o autor, sublinhando que a sua existência é um sinal de que a biodiversidade funciona bem naquele espaço.
“Para que existam orquídeas, é necessária a presença de fungos, insectos e floresta autóctone bem preservada.”
Entre as raridades, o destaque vai para uma espécie que apenas existe num cantinho das Serras de Aire e Candeeiros e que corre o risco de desaparecer para sempre, se nada for feito para a proteger.
Cinco anos de trabalho
Após 15 anos a fotografar a beleza e os segredos do PNSAC, a ideia para este livro surgiu no seguimento de uma conversa com Fernando Faria Pereira, também ele autor de um livro sobre a paisagem da serra.
Palavra puxa palavra e as incontornáveis orquídeas da serra tornaram-se no foco das atenções.
“Fiquei tão impressionado com um espécime que ele me mostrou junto à sua casa que quis avançar para uma obra apenas sobre estas flores.”
Mas não foi uma tarefa fácil. A cada vez maior imprevisibilidade das estações, trocou, várias vezes, as voltas ao fotógrafo. Ora chegava cedo de mais para assistir à floração, ora chegava tarde de mais e era preciso esperar mais um ano até conseguir a imagem desejada.
Foi um trabalho que durou cinco anos até Luís Afonso sentir que estava concluído.
Foi então que se juntou um dos maiores especialistas em orquídeas portuguesas, o belga Daniel Tyteca, que tratou da revisão científica. A edição é de autor com apoio da ADSAICA - Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros e deverá chegar a tempo de ser colocada no sapatinho de Natal.
O livro poderá ser adquirido na sede da ADSAICA e no site www.luisafonso.com.