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Palavra de Honra | Já não há paciência para a gratidão que não vai além de um hashtag numa rede social

10 jun 2025 12:36

Liliana Carvalho, operária de comunicação

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Já não há paciência… para a gratidão que não vai além de um hashtag numa rede social, e que nem chega a ver a luz do mundo real.

- Detesto… frases que começam com “dizer que”, muito populares entre comentadores televisivos. Não entendo se vem da corrente futebolística que faz falar na terceira pessoa ou se é simplesmente preguiça colocar todos os elementos numa frase.

- A ideia… de que nem vale a pena experimentar só porque parece complicado parece-me triste. Soa a desistência antes mesmo de começar.

- Questiono-me se…  nos pontos de venda, a informação da composição e local de fabrico de uma peça de roupa, ou outro artigo têxtil, estivesse não no interior, mas à vista, tal como a informação do preço, se se fariam as mesmas escolhas.

- Adoro… que remendar e reparar de forma criativa seja cada vez mais uma escolha consciente de quem procura prolongar a vida útil das coisas.

- Lembro-me tantas vezes… dos tempos em que não precisava de anotar tudo para me lembrar as coisas. Bons velhos tempos.

- Desejo secretamente… que um prontuário ortográfico passe a fazer parte do material escolar obrigatório.

- Tenho saudades… do Pinhal de Leiria. Da mata a perder de vista, até desaguar no mar. Da Lagoa da Ervideira quando parecia uma ilha, rodeada de pinhal por todos os lados.

- O medo que tive... de errar, já não o tenho. Deixei-o algures nos 30, e parece-me que ficou bem por lá.

- Sinto vergonha alheia… demasiadas vezes. Como quando se confundem vontades com direitos.

- O futuro… está no artesanato, no que é feito à mão e no que é feito devagar. Está na lã, e não no poliéster. Nas comunidades, e não no isolamento. No fazer o que está certo, e não o que dá mais jeito.

- Se eu encontrar… um café que sirva um bom café, tirado com gosto e vontade, é certo e garantido que volto.

- Prometo… que não prometo nada.

- Tenho orgulho… na Malharia, a comunidade que tem levado para o espaço público as malhas que praticamente só se faziam em espaço privado. Uma vez por mês, enche a Ludoteca, em Leiria. E em todas as vezes, enche-nos de vontade de nos voltarmos a encontrar.